A cidade do Rio de Janeiro pretende aproveitar a criatividade brasileira para surpreender e emocionar o mundo na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 para compensar um orçamento dez vezes inferior ao de Londres2012.

“A criatividade dos brasileiros permitir-nos-á superar as limitações de orçamento e apresentar algo que o Brasil merece”, garantiu hoje, em conferência de imprensa, o diretor executivo da cerimónia de abertura, Abel Gomes.

O realizador Fernando Meirelles, que será um dos responsáveis da produção, acrescentou que um país como o Brasil, que ainda tem zonas sem saneamento básico, não pode “esbanjar” recursos numa festa de um evento desportivo, mas acrescentou que a experiência adquirida, por exemplo, na organização do Carnaval permitirá superar a escassez de recursos e apresentar uma cerimónia semelhante à de 2012.

O Comité Organizador do Rio2016 anunciou que recrutará uns 12.000 voluntários para quatro cerimónias: as de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos (05 e 21 de agosto) e as correspondentes dos Paralímpicos (07 e 18 setembro).

Os voluntários, que devem gostar de música e dança, ter aptidão para o espetáculo e saber andar de bicicleta e patins, serão escolhidos em audições este ano e começarão a participar em três ensaios semanais a partir de abril.

Entre os membros da equipa que organizará a cerimónia estão os realizadores Fernando Meirelles, autor de filmes como "Cidade de Deus" (2002) ou “Ensaio sobre a cegueira” (2008), Andrucha Waddington e Daniela Thomas e a diretora de arte de escolas de samba Rosa Magalhães.

Meirelles explicou que a intenção é mostrar o Brasil: “As cerimónias de Atenas [2004], Pequim [2008] e Londres [2012] mostraram o legado desses três países. O Rio vai mostrar-se a si mesmo, vai mostrar o espírito brasileiro, a sua alegria. Até a falta de dinheiro é uma demonstração do nosso lado popular”.

Já Rosa Magalhães assumiu a inevitabilidade da presença do Carnaval, enquanto Waddington falou de uma festa “com ritmo próprio”, diferente das suas antecessoras por ser mais descontraída.

“Esqueçamos o Mundial [a cerimónia de abertura da competição foi muito criticada]. Temos de superar esse 7-1 [nas meias-finais com a Alemanha]. Contamos com a cultura brasileira e muita ousadia”, afirmou.