O Rio de Janeiro embrulhou o caos numa embalagem de êxito, que ‘enganou' o Mundo, criando a ilusão de que estes Jogos Olímpicos foram um tremendo sucesso organizativo.

O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI) considerou este sábado que o Brasil organizou “uns Jogos Olímpicos inesquecíveis e icónicos”. Thomas Bach tem razão: realmente, estes Jogos perdurarão na memória de muitos, mas pelas piores razões.

É certo que não se confirmaram as previsões catastrofistas - o zika não passou de uma miragem, as águas alegadamente poluídas não causaram doenças, a violência resumiu-se a episódios esporádicos, sem consequências de maior -, mas o Rio2016 foi um verdadeiro caos.

O Rio de Janeiro embrulhou a incapacidade logística numa vistosa embalagem de êxito desportivo, que teve a brilhante cerimónia de abertura como o maior dos laçarotes. Michael Phelps, Usain Bolt, Simone Biles e companhia esconderam a desordem total vivida nos bastidores, que deixou atletas e jornalistas à beira de um (aliás, de vários) ataque de nervos.

Às longas filas que delimitaram os recintos olímpicos antes do arranque dos Jogos, uniu-se a escassez de comida. Em complexos, como o de ténis, a comida, vendida a preços exorbitantes, esgotou em menos de uma hora - foi sendo reposta, a conta-gotas, ao longo da jornada - e deixou centenas de pessoas sem possibilidade de se alimentarem durante todo o dia.

Há muito mais para contar àqueles que viram os Jogos Olímpicos confortavelmente sentados diante da televisão e que se advogam o direito de considerar o Rio2016 um êxito organizativo: após a cerimónia de abertura, milhares de pessoas acotovelaram-se nas ruas circundantes ao Maracanã, na expectativa de apanhar um autocarro que as levasse de volta a casa.

Os ‘ônibus' especiais disponibilizados pela organização apareciam aos quatro de cada vez, para desespero de quem teve de esperar até duas horas para conseguir um lugar, em muitos casos, em pé - nem os atletas escaparam à demora.

Os transportes foram um dos maiores dramas do Rio2016. Autocarros que não arrancavam porque não havia motoristas, autocarros que não apareciam, condutores que não sabiam o caminho, horários que não eram cumpridos, trajetos que mudavam diariamente.

Foram horas e horas passadas em transportes, uma realidade que nem as vias olímpicas, que funcionaram, conseguiram evitar - faltaram autocarros e rotas, capazes de corresponder às necessidades de todos.

Mas, o maior problema do Rio2016 foi, de longe, a impreparação dos voluntários. Para todas as perguntas, a resposta imediata "Não sei". A cada dúvida, "Não sei". Uma realidade exasperante para aqueles que, dia após dia, tentavam fazer o seu trabalho ou chegar a um recinto a tempo e horas.

Desportivamente, os Jogos Olímpicos foram um sucesso. Organizativamente, um pesadelo. Adeus Rio de Janeiro, bem-vindo Tóquio2020.

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