O treinador da equipa de andebol portuguesa ISMAI, que vai acumular com as funções de selecionador de Cabo Verde, admitiu hoje que o país tem atletas com potencial e que pode ter uma das melhores seleções de África.

"Não tenho muita experiência de andebol africano, mas com o talento e capacidade, que existem, e com a possibilidade de poder colocar o conhecimento da Europa aqui, eu acredito que, dentro de alguns anos, Cabo Verde poderá ser uma das maiores potências a nível africano e jogar de igual para igual com seleções como Egito ou Tunísia. Talento existe, apenas falta trabalho e dar tempo ao tempo", sublinhou à agência Lusa Ricardo Costa.

Ricardo Costa falava à Lusa na Cidade da Praia após ser apresentado como novo selecionador de andebol masculino de Cabo Verde, tendo como primeiro desafio participar no torneio da Zona II Africana, que decorre no Senegal, de 13 a 15 de março.

Além do país anfitrião, Cabo Verde vai jogar com Guiné-Bissau e Guiné Conacri e só o vencedor do torneio garante apuramento para os Jogos Africanos, em setembro, no Congo.

Ricardo Costa lamentou o facto de a seleção masculina estar sem competir há quatro anos, o pouco tempo que teve para preparar a equipa e a falta de informações dos adversários, mas afirmou que o objetivo é vencer o torneio e garantir o apuramento para os Jogos Africanos.

O técnico de 39 anos destacou o facto de a seleção ser composta por atletas muito jovens, mas também por alguns já experientes e indicou que a aposta em Cabo Verde será dada à formação.

"A estrutura tem de vir da base. Não podemos começar a trabalhar com jovens a partir dos 14, 15 anos. A nível sénior temos bom nível, mas o talento tem de ser detetado aos seis, sete anos e começar a trabalhar desde muito cedo", aconselhou.

O antigo ponta-direita de FC Porto, Águas Santas e Ademar Léon (Espanha) e o quarto jogador mais internacional de sempre do andebol português, com 206 internacionalizações, pretende ainda aproveitar as melhores condições em Portugal para organizar jogos entre as seleções de andebol cabo-verdiano e as congéneres europeias.

"É aí que acredito que podemos melhorar, dando uma forte competição aos atletas cabo-verdianos residentes em Portugal e aos que vamos identificar em todas as ilhas, com possibilidade de irem trabalhar na Europa, onde está o melhor andebol a nível mundial", frisou.

Ricardo Costa vai residir em Portugal, mas garante que vai poder conciliar o trabalho na sua equipa com a seleção cabo-verdiana, mantendo contacto com os adjuntos Leonel Martins e Nelson Jesus.

A seleção feminina de Cabo Verde também vai participar no torneio da Zona II, mas vai jogar com Senegal, Guiné Conacri e Mali.

Numa cerimónia que contou com a presença da maioria dos atletas e dos treinadores, o presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol (FCA), José Eduardo dos Santos, salientou que o andebol do país está a reiniciar uma "grande etapa" e o objetivo é tornar Cabo Verde uma das melhores seleções africanas de andebol a partir de 2020.