O Campeonato do Mundo de basquetebol de 1986, em Espanha, serviu para apresentar Angola ao mundo. Depois disso, o basquetebol angolano deixou de ser o mesmo, diz o antigo poste Jean Jacques da Conceição.

Em entrevista à Angop, onde abordou o basquetebol no passado e no presente, um dos destaques da estreia angolana explicou que nesse ano, apesar das derrotas, Angola mostrou que era uma seleção com quem se poderia contar no futuro, tendo em conta a qualidade apresentada e o facto de se tratar de um grupo jovem.

Na sua opinião, o facto de o "grosso" ter jogado junto no africano e mundial de juniores, três anos antes no mesmo país, facilitou, uma vez que já tinha experiência internacional.

"Seis a sete jogadores já tinham passado por um Campeonato do Mundo e adquiriram experiência internacional, a nossa presença nos Estados Unidos e outros países europeus deu-nos maturidade competitiva suficiente para jogar à vontade com qualquer equipa. Por isso fomos bem preparados", frisou.

Em cinco jogos na sua estreia a seleção angolana averbou quatro derrotas e conseguiu uma vitória diante da Austrália (74-69), naquela que foi a primeira numa competição do género. No entanto, Jean Jacques avaliou como positiva a prestação angolana, uma vez que deixou bons indicadores.

"Foi a nossa introdução no mundo do basquetebol, até então ninguém dava importância a Angola, mas depois dizia-se que havia muita juventude na equipa e que daí sairiam jogadores com qualidade. E saíram mesmo", recordou.

Na segunda presença, na Argentina em 1990, Angola já foi para competir, segundo a mesma fonte, que destacou o jogo colectivo como principal "arma" do grupo liderado tecnicamente, mais uma vez, por Victorino Cunha.

Apesar da experiência trazida do campeonato anterior, e das expectactivas que se criou, a selecção nacional perdeu na primeira ronda frente a Jugoslávia por 79-92. Jean Jacques justificou a derrota com o poderio competitivo do adversário, considerando na altura uma das melhores seleções do mundo.

"Perdemos na abertura com a Jugoslávia, que, tirando a União Soviética, era a melhor seleção em termos de qualidade e tinha uma base que fazia diferença, o Petrovic".

Quanto aos jogadores que se destacaram, o antigo poste do 1º de Agosto, Portugal Telecom e Benfica Lisboa destacou o desempenho de José Carlos Guimarães, Aníbal e Zezé Assis. "Tínhamos uma equipa que não era de grandes figuras individuais, mas muito forte coletivamente, embora eu e o Zé Carlos fizéssemos alguma diferença", sublinhou.

Jean Jacques, que também representou o Málaga (Espanha) e o Limoge (França), não destacou nenhum momento seu durante os anos que representou a seleção angolana, justificando que todos foram marcantes, mas em épocas diferentes.

"É impossível marcar um só momento, porque eu costumo dizer que cada campeonato tem um sabor, cada vitória tem um sabor, e por isso é muito difícil destacar uma, porque todas elas custaram suor e sangue. Dei o meu melhor em todas as competições para engrandecer o nome de Angola", salientou.

Depois de Espanha e Argentina, seguiram-se os mundiais de 1994 (Canadá), 2002 (Estados Unidos), 2006 (Japão) e 2010 (Turquia). Porém, Jacques, que também já foi vice-presidente da Federação Angolana de Basquetebol, participou apenas no Canadá.

Jean Jacques da Conceição, sete vezes campeão africano, é o único africano a colocar o seu nome no Hall of Fame, onde constam os melhores do basquetebol mundial.