Os árbitros de basquetebol decidiram parar de ajuizar em todas as competições portuguesas a partir de 01 de outubro, caso a federação não regularize as verbas que tem em atraso relativas à época de 2014/15.

Em comunicado hoje enviado aos órgãos de comunicação social, a Associação Nacional de Juízes de Basquetebol (ANJB) revela que denunciou o protocolo que estava em vigor com a Federação Portuguesa de Basquetebol desde 25 de novembro de 2007.

"Só há jogos de basquetebol porque os árbitros têm retirado dinheiro do seu orçamento familiar para custearem as despesas de deslocação, refeições, etc. Há casos de juízes que não recebem desde janeiro de 2005", disse à agência Lusa Paulo Alves, presidente da ANJB.

No total, a dívida da federação aos árbitros referente à última temporada ronda os 137 mil euros. E os juízes não estão dispostos a que estes números continuem a aumentar.

"Na reunião realizada no passado dia 10 de setembro não houve acordo. Os responsáveis da federação comprometeram-se com os clubes a diminuírem as despesas de arbitragem e só apresentam uma solução: voltar a baixar os prémios de arbitragem", adianta o líder da Associação dos Juízes de Basquetebol.

Paulo Alves recorda que desde a época de 2008/09, altura em que foi criada a Liga Portuguesa de Basquetebol na sequência da extinção da Liga de Clubes de Basquetebol (LCB), que os valores dos prémios dos árbitros têm vindo sempre a baixar.

"Na altura, cada árbitro recebia um prémio de jogo de 155 euros. Atualmente o prémio ronda os 100 euros para os jogos da Liga e 70 para os embates da Proliga. Os comissários recebem 45 euros por partida e os oficiais de mesa 30 euros. Temos demonstrado muita compreensão", adianta ainda Paulo Alves.

Os árbitros também estão indignados com o facto de não ter existido mais diálogo entre a federação e a sua associação. E criticam o facto de haver dinheiro para os clubes contratarem mais jogadores estrangeiros e cada vez menos para pagarem aos árbitros.

Os responsáveis federativos foram apanhados de surpresa por esta tomada de posição dos juízes de basquetebol, que não aceitam reduzir ainda mais os prémios de jogo e exigem que lhes sejam pagas as verbas em atraso.

"A direção da federação vai reunir-se o mais urgentemente possível para discutir esta questão. É um caso preocupante e não podemos tomar decisões de forma leviana ou precipitada", admitiu Pinto Alberto, diretor das competições organizadas pela FPB.