"O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, tomou conhecimento com profunda consternação dos graves desenvolvimentos no Sudão", disse a organização pan-africana numa declaração, apelando para "a retoma imediata das consultas entre civis e militares" que partilham o poder desde 2019.
"O diálogo e o consenso são a única forma de salvar o país e a sua transição democrática", acrescentou.
O Ministério da Informação sudanês anunciou hoje de manhã que "a maioria dos ministros e membros civis do Conselho de Soberania foram detidos (...) por forças militares", incluindo o primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, "depois de este se ter recusado a apoiar o golpe".
A Associação de Profissionais, um dos grupos que liderou a revolta de 2019 que pôs fim à ditadura de 30 anos de Omar al-Bashir, já denunciou o que considera ser um "golpe militar".
Juntamente com os sindicatos de médicos e bancários, a organização apelou à desobediência civil em Cartum, a capital do país, um dos mais pobres do mundo, que tinha já sido palco de uma tentativa de golpe de Estado há um mês.
Durante a manhã, o exército disparou "munições reais" contra manifestantes reunidos em frente ao quartel-general do exército no centro de Cartum, de acordo com o Ministério da Informação.
O enviado das Nações Unidas (ONU) para o Sudão, Volker Perthes, apelou "às forças armadas para libertarem imediatamente os detidos", considerando "inaceitáveis" as detenções de quase todos os civis que integram a autoridade de transição.
Os Estados Unidos manifestaram-se "profundamente preocupados", alertando que "qualquer mudança no governo de transição põe em risco a ajuda" norte-americana ao país.
Em 2019, o Sudão esteve suspenso da União Africana durante três meses, após a queda de Omar al-Bashir.
CFF // JH
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