Como espetador e treinador analiso o próprio jogo em si e também tento perceber o lançamento feito pelos técnicos das equipas e avaliar o que lhes vai na alma. Como neste momento o título de campeão nacional ainda estava e continua por definir, admira-me que Vítor Pereira desse uma imagem de derrotado ao dizer que o campeonato vai ser entregue ao Benfica. E andamos nisto. Jesus falou em limpinho, limpinho. Vítor Pereira riposta sujinho, sujinho.
Vamos, mas é ao futebol dentro das quatro linhas.
O que vi na Choupana foi um Porto delicioso que em vinte minutos serviu de aperitivo para um repasto de 3-1 que até poderia ter sido mais suculento. Foi um Porto à campeão. Tal como já tinha visto, na quinta-feira, na Luz, um Benfica à Benfica.
Ontem a grande revelação do jogo, para surpresa de todos, foi Varela. Surpresa porque não tem sido titular e há meses que não realizava um jogo tão conseguido. Foi extremo, foi médio e foi o melhor em campo. Outros jogadores também subiram de produtividade. Mangala é um portento no jogo aéreo e não só. Jackson está mais ativo e o meio campo mais lutador e criativo. Foi um "luxo" para o Porto ter encontrado um marcador de grandes penalidades.
O Nacional, apesar da excelente recuperação desde a entrada de Manuel Machado, foi impotente para travar a chama destes Dragões. Esteve ausente o sincronismo entre os sectores. Os três atacantes são muito rápidos e por isso afastam-se celeramente dos colegas do setor e dos outros dois mais recuados. E como estes não os acompanham, muitas das vezes ficam desapoiados e entregues a si próprios.
Por outro lado a equipa defende à zona sem pressionar. Ora, perante bons executantes como são os campeões, a equipa torna-se vulnerável. O Porto aproveitou, marcou por três ocasiões e poderia ainda ter marcado mais. Depois controlou alguns ataques do Nacional, para o dominar totalmente nos últimos vinte minutos.
Afinal a ideia de que o campeonato se resolvia na Madeira não foi mais do que uma quimera. Se o Benfica teve algumas dificuldades para bater o Marítimo, já o Porto foi passear à Camacha. Neste momento os Dragões estão a um ponto das Águias e continuam na esperança de o Estoril tirar pontos ao Benfica. Apesar de no futebol tudo acontecer, não é muito provável que isso suceda. Até porque se o Benfica repetir a exibição de quinta-feira os canarinhos não têm hipóteses.
Na segunda-feira, ocorra o que ocorrer, tudo indicia que no dia 11, no Dragão, observemos um excelente espetáculo de futebol, dado que os dois candidatos de repente emergiram de um futebol lento e previsível. Um pouco à imagem do que fizeram anteriormente, estão de volta às boas exibições para gáudio dos seus adeptos. 
A manterem esta performance, na próxima jornada aguarda-se e perspectiva-se o ”Jogo do Ano”.