Nelson Gonçalves cumpriu o sonho de participar em Jogos Paralímpicos oito anos depois do que tinha imaginado. Em Londres, foi oitavo no lançamento do disco para deficientes visuais, resultado que lhe permite continuar no projeto de preparação.

«O meu grande sonho era ir aos Jogos Atenas2004. Cumpri todos os requisitos, mas não consegui devido à quota», conta o atleta algarvio de 37 anos, que começou a praticar «desporto a sério» em 1998, já depois de ter cegado.

No ano seguinte, conseguiu num campeonato da Europa a sua primeira medalha internacional, e também a primeira para Portugal numa disciplina técnica do atletismo adaptado.

Em Londres, foi oitavo no lançamento do disco, posição que lhe permite continuar a integrar o projeto de preparação paralímpica e «quem sabe» ir aos Jogos do Rio de Janeiro daqui a quatro anos.

Nelson Gonçalves conseguiu mínimos para Londres nos Mundiais de atletismo disputados na Nova Zelândia, em 2011, prova na qual participou graças a vários apoios e patrocínios.

Foi também com eles que contou para se preparar para os Jogos Londres2012: «Também estou cá graças à ajuda de muitos patrocinadores, sem eles não seria possível».

Até perder a visão, quando tinha 20 anos, devido a um erro médico, nunca pensou que o desporto e muito menos o atletismo viriam a fazer parte da sua vida de uma forma tão intensa.

«Se eu não tivesse ficado cego provavelmente não teria começado no atletismo e não estaria numa competição tão grande como esta», admite, não encontrando uma palavra mais precisa que «inexplicável» para descrever o ambiente no estádio olímpico.

Nelson Fernandes, que também participa em competições regulares, treina normalmente cinco dias por semana, depois do trabalho, como telefonista na Câmara Municipal de Tavira.

Depois de ter ficado fora dos Jogos Atenas2004 pensou em deixar o atletismo, mas o apoio e incentivo do treinador Hélder Silva acabaram por fazê-lo desistir da ideia.

A seu lado o treinador explica que há quatro anos decidiu treiná-lo apenas a ele e assegura que os métodos são «exatamente os mesmos» que se usam para treinar atletas do desporto regular.

«No início tivemos de nos adaptar um ao outro, só aí foi mais complicado. Agora é tudo normal», refere Helder Silva, lembrando que Nelson Gonçalves também disputa competições regulares.

Aos 37 anos e com o sonho cumprido, Nélson Gonçalves, que representa o Clube Desportivo Pic Nic, responde com um «é bem possível» à pergunta: «Portugal conta consigo nos Jogos do Rio?».

Seja o melhor treinador de bancada!

Subscreva a newsletter do SAPO Desporto.

Vão vir "charters" de notificações.

Ative as notificações do SAPO Desporto.

Não fique fora de jogo!

Siga o SAPO Desporto nas redes sociais. Use a #SAPOdesporto nas suas publicações.