António Marques, atleta de boccia de Coimbra, estreou-se nos Jogos Paralímpicos em Seul1988, agora 28 anos depois, o "copinho de tinto" e a "mangueirada de água fria" de manhã mantêm-no "rijo" para poder estar na luta pelas medalhas.

A estreia em Seul deu-lhe a sua primeira medalha de ouro na equipa mista classe C1/2 à qual juntou uma de bronze nesse mesmo ano no lançamento de precisão.

Desde então e apenas falhando os Paralímpicos de Londres, em 2012, António Marques arrecadou mais cinco medalhas no boccia em seis participações - uma de ouro (Atenas 2004), três de prata (Pequim 2008 em individual e equipas e Atlanta 1996 em equipas) e uma de bronze (Sydney 2000).

António Marques, que compete na classe BC1, é, juntamente com Fernando Ferreira, também do boccia, o atleta mais medalhado na comitiva portuguesa que vai participar nos Jogos Paralímpicos Rio2016, que decorrem entre 07 e 18 de setembro.

A pouco mais de um mês de completar 53 anos, o atleta mantém-se "em boa forma", estando de momento no nono lugar do ‘ranking’ mundial, e seguiu para o Rio de Janeiro com o objetivo de alcançar os primeiros cinco lugares no torneio individual e o pódio na competição por equipas.

"Tenho trabalhado para isso. Até me pode correr mal, mas não será por falta de trabalho", disse à agência Lusa o atleta natural de Penacova que treina três horas por dia, cinco dias por semana, na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.

Passados 34 anos desde que começou a praticar boccia, António conta que o "copinho de vinho" que bebe no seu dia-a-dia ajuda-o a "andar rijo".

"Tenho 52 anos e não tomo medicamento nenhum", revela, referindo que a "mangueirada de água fria de manhã", para acordar, também ajuda.

Emílio Conceição, treinador de António há 24 anos, fala de um atleta "persistente e com espírito de competição", que segue para o Rio de Janeiro "confiante" para competir numa modalidade na qual países como a “Coreia do Sul, a China ou Tailândia se afirmaram como potências”.

“Portugal continua a ser um dos poucos países a fazer frente aos asiáticos”, sublinha o treinador.

Emílio Conceição assegura que, para o Rio de Janeiro, o atleta trabalhou muito “em termos psicológicos” para garantir menos nervosismo contra “atletas mais fortes”, e admite que a António falta “encarar os adversários todos da mesma maneira, porque se estiver concentrado e sem nervos consegue melhores resultados”.

É por isso que o objetivo da medalha está apontado à competição por equipas. É aí que António se sente mais à vontade e mais concentrado.

“Para uma bola me sair bem, tenho de estar a fazer cara feia", sublinha o atleta que olha para os Jogos do Rio de Janeiro como todos os outros: “É boccia na mesma e tenho de estar concentrado na mesma”.