A seleção portuguesa de futebol de 7 para atletas com paralisia cerebral, apurada para o Campeonato do Mundo de 2015, quer “ganhar mais ritmo competitivo” para poder “sonhar” com os Jogos Paralímpicos, avançou o selecionador, Luís Ferreira.

“Os nossos atletas têm de crescer quer fisicamente, quer mentalmente. Iremos um dia chegar ao topo. Esse é o nosso grande objetivo”, disse à Lusa o técnico português, que comentava o percurso da seleção a propósito do Dia Nacional da Paralisia Cerebral que Portugal assinala pela primeira vez na segunda-feira.

Luís Ferreira admite que ir aos Jogos do Rio de Janeiro, no Brasil, em 2016, será “difícil” mas promete “lutar” por uma presença no Japão, em 2020.

Em agosto, no Campeonato da Europa de Futebol de 7 para atletas com paralisia cerebral e outras lesões neurológicas, prova organizada pela Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (PCAND), sob a égide da Associação Desportiva e Recreativa Internacional de Paralisia Cerebral (CPISRA), a equipa lusa conseguiu o apuramento para o Mundial que se realiza em 2015 em Inglaterra, mas a “batalha” foi “difícil”.

Entre 11 seleções – nas quais se destacam potências como a Rússia, detentora da medalha de ouro nos Paralímpicos de Londres, em 2012, e a Ucrânia, agora campeã europeia –, Portugal contabilizou uma vitória e quatro derrotas.

“Um dos grandes objetivos da seleção é encontrarmos mais atletas. Isso era fundamental para ter mais espaço de manobra”, avançou Luís Ferreira, acrescentando notar que “alguns adversários quando fazem alterações na equipa, entram tão bons quanto os que saem”.

Esta opinião é partilhada pelo capitão da equipa portuguesa, Vítor Vilarinho, que fala em “necessidade de massa humana” para “evoluir”.

“Se este ano foi o sétimo lugar [referindo-se ao Europeu], para o ano tem de ser do sexto para cima, no mínimo. E o nosso principal objetivo é conseguir os Paralímpicos. Temos futuro. Precisamos de condições para evoluir e lutar pelo topo”, disse o médio, um dos 14 jogadores convocados para o europeu.

Os atletas podem ser “recrutados” em clubes e associações de todo o país, ainda que Lisboa e sobretudo o Porto sejam as principais cidades que os “emprestam” à seleção portuguesa.

O defesa Vasco Santos, habitualmente indiscutível no “sete” de Luís Ferreira, avança que “a mentalidade de alguns acompanhantes também tem de ser mudada” e aconselha: “Acham ‘vai jogar futebol, vai aleijar-se’. Não. Ninguém sai daqui pior do que quando entra, muito pelo contrário. Só faz bem!”.

O futebol de 7 é, de acordo com a PCAND, “uma modalidade adaptada do futebol de 11, com benefícios reconhecidos para atletas com paralisia cerebral e outras lesões neurológicas”.