A Agência Mundial Antidopagem (AMA) pediu esta sexta-feira à magistrada da “Operação Puerto” que entregue os sacos de sangue apreendidos durante a investigação para “materializar” as promessas das autoridades espanholas ao Comité Olímpico Internacional (COI).

«Nestes dias ouvimos muitas autoridades falar do compromisso de Espanha contra a dopagem. Espero que se materialize com a entrega dos sacos de sangue», disse nas alegações finais a advogada da AMA.

Berta Aguinaga, que já pediu a entrega das amostras no início do julgamento do maior escândalo de dopagem de sempre em Espanha, destacou que era positivo que «por uma vez» as autoridades espanholas cumprissem as convenções antidopagem.

Esta semana, os responsáveis pela candidatura da Madrid aos Jogos Olímpicos de 2020 reiteraram o compromisso com a luta antidoping, um dos pontos fracos da proposta espanhola.

A advogada da AMA realçou o paradoxo que representa o facto que as autoridades espanholas sejam as únicas que, apesar de o terem solicitado, nunca terem tido acesso às amostras de sangue, já que durante a investigação tanto as autoridades italianas como as alemãs recorreram às provas para «apurar as responsabilidades disciplinares pertinentes».

Berta Aguinaga pediu a condenação dos cinco acusados da “Operação Puerto”, considerando que foram apresentadas provas «reveladores e irrefutáveis» contra os médicos Eufemiano e Yolanda Fuentes, os antigos diretores desportivos Manolo Saiz e Vicente Belda e José Ignacio Labarta.

De acordo com a advogada, os cinco, ao que pertenciam também o hematólogo José Luis Merino - excluído do processo por ter Alzheimer - e o antigo corredor Alberto León, que se suicidou em 2011, formavam «um grupo organizado que trabalhava com o único propósito de elevar artificialmente o rendimento em competição de ciclistas profissionais», através de «práticas médicas proibidas».

A advogada defendeu que os testemunhos dos ex-ciclistas Jorg Jaksche, Jesús Manzano e Tyler Hamilton confirmaram pela sua «coerência, consistência e coincidência» o funcionamento do esquema de dopagem.

Os três contaram que Fuentes lhes disse desde o primeiro encontro que podia por à sua disposição «quase todos os medicamentos existentes no mercado para aumentar o rendimento» e relataram reações anómalas que experienciaram depois do consumo de algumas substâncias ou de transfusões sanguíneas.

Berta Aguinaga realçou ainda que os ciclistas espanhóis Joseba Beloki, Isidro Nozal, Unai Osa, David Etxebarria, Ángel Vicioso e Marcos Serrano «faltaram de forma flagrante à verdade negando o evidente» durante os seus depoimentos.