Os ciclistas da LA-Antarte estão transformados, desde quarta-feira até domingo, em verdadeiros militares, num estágio de pré-época apenas reservado a "homens de barba rija".

«Um, dois, três, quatro». Grito de ordem, formação instantânea, missão cumprida: é assim o dia a dia da LA-Antarte desde quarta feira, num estágio peculiar e especial, que testa não só o físico, mas também a mente dos ciclistas da equipa de Paredes para a época de 2014.

A originalidade não é novidade, já que ainda há um ano estes mesmos homens passaram uns dias em regime militar na base de Tancos, mas é a primeira vez que o plantel se reúne sob as ordens do Major Bernardo na Herdade da Rocha, na vila do Crato.

Com Hugo Sabido como “chefe” simbólico, os corredores desdobram-se em corridas, flexões, atividades dignas de qualquer tropa.

Com poucas queixas e muitos sorrisos, enfrentam provas de BTT entre vinhas, regatas em canoas, travessias de ribeiros, sem esquecer o maior de todos os testes: o de pontaria (diga-se a verdade, falhado pela maioria).

«Acho que é fundamental haver este tipo de iniciativas por parte da equipa para fomentar o espírito de equipa, a união, o espírito de sacrifício, o respeito um pelo outro», reconheceu à agência Lusa Edgar Pinto.

O quarto classificado da Volta a Portugal contou como se levantou às 05h00, depois de uma noite mal dormida, em permanente regime de vigilância, em que a cama não passa de um fino colchão de campanha e um saco cama, sem direito a almofada.

Há um ano, o ciclista de Albergaria-a-Velha esteve em Tancos, em noites que incluíram granadas de gás durante a madrugada e tiros apenas sonoros, por isso não tem problema em completar o exercício do dia desenhado pelo major Bernardo.

«A preparação para a Volta a Portugal começa agora», garantiu, mostrando-se preparado para usar as memórias destes dias para subir, pelo menos, um lugar de modo a estar no pódio da Volta a Portugal de 2014.

Vítor Gamito, o novato veterano, tem objetivos mais modestos, próprios dos seus 43 anos, quase 44, e quase dez anos de ausência da modalidade, mas, na sua primeira experiência como ciclista da LA-Antarte, não deixa de admitir a importância da iniciativa.

«É uma preparação descontraída, muito para a brincadeira. É lógico que também acabamos por nos esforçar um pouco fisicamente, mas também faz parte. É normalmente nos momentos difíceis que se cria o espírito de grupo», destacou à Lusa.

De regresso ao ciclismo, o vencedor da Volta de 2000 confessou ter-se sentido inicialmente um pouco deslocado, um facto que se esmoreceu à custa do intenso e rígido treino militar. Gamito e todos os outros terão a oportunidade de reforçar ainda mais os laços até domingo, num estágio de pré-época que é apenas uma pequena amostra da dura temporada.