Os governos português e espanhol concretizaram hoje a assinatura do protocolo de cooperação bilateral na área do Desporto, na véspera daquilo que ambos consideram ser a “final antecipada” do Euro2012 de futebol.

A um dia do confronto ibérico, na cidade ucraniana de Donetsk por um lugar na final do torneio, o secretário de Estado do Desporto espanhol, Miguel Cardenal, foi recebido pelo seu homólogo luso, Alexandre Mestre, em Lisboa, para acertar a calendarização do acordo, firmado entre o ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e o ministro da Educação, Cultura e Desporto espanhol, José Ignacio Wert, durante a XXV Cimeira Luso-Espanhola, em maio, no Porto.

«Houve uma pequena crise nestas relações bilaterais aquando da Liga Europa, no confronto entre Athletic Bilbau e Sporting, as respetivas equipas de cada um dos secretários de Estado, mas ele [Mestre] encarou com muito desportivismo», começou por brincar Cardenal, referindo-se à eliminação dos “leões” pelos bascos, nas meias-finais daquela prova europeia.

Cardenal mostrou-se «seguro» de que «qualquer um dos dois vai encarar o resultado com o mesmo desportivismo, num jogo que toda a Europa reconhece ser uma final antecipada porque se enfrentam as duas seleções que têm jogado melhor».

«Também acho que é uma final antecipada, estão lá dos melhores jogadores do Mundo. Seguramente que quem vencer vencerá com valia, com brio, com ética. Se tudo isto estiver garantido... quem ganhar merecerá seguramente ir à final. Estou claramente confiante e, agora que o Miguel [Cardenal] não nos ouve, nós vamos ganhar», afirmou, igualmente bem humorado, o responsável governamental português, após a troca de camisolas da seleção “roja” e da «equipa das quinas».

Questionado sobre as desconfianças recentes sobre o recurso a substâncias proibidas por parte de atletas espanhóis, o membro do governo espanhol sublinhou o «compromisso absoluto de lutar contra o doping».

«Há uma posição inequívoca dos dirigentes, treinadores e atletas, que têm o mesmo desejo, que o desporto seja limpo. Se há alguém fora de Espanha que não tem essa perceção, o nosso trabalho é explicar e não suscitar qualquer inquietação sobre o assunto. O compromisso do Desporto espanhol é absolutamente completo contra o doping», disse.

Relativamente ao projeto de constituição de uma Liga ibérica de futebol, Cardenal também esclareceu que o assunto não está na agenda porque «chegar a algo concreto será complicado».

«Até porque as equipas espanholas teriam medo de disputar um campeonato com as portuguesas e vice-versa», afirmou, sorrindo.

O homólogo de Alexandre Mestre frisou que já existe um «intercâmbio de facto» ao nível dos «maravilhosos jogadores portugueses, como Cristiano Ronaldo, Pepe, Simão, Quaresma, Pauleta», além do treinador do Real Madrid, Mourinho.

«Aqui [em Portugal] também já houve muito bons treinadores espanhóis, como Camacho e Quique Flores, e agora há vários jogadores, como Nolito ou Javi Garcia», continuou, elogiando Portugal, «uma referência europeia, nomeadamente no âmbito da legislação desportiva».

O secretário de Estado do Desporto e Juventude resumiu o acordo como uma forma de «cimentar as sinergias e uma articulação bilateral mais informal» entre o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e o Conselho Superior do Desporto espanhol em diversas áreas, designadamente a luta antidopagem ou os estágios e eventos desportivos a fim de ficarem ao serviço de ambos as respetivas «infraestruturas, meios humanos e conhecimentos técnico-científicos».