Noite memorável para o Benfica esta quarta-feira na Liga dos Campeões. Os comandados de Rui Vitória conseguiram um triunfo histórico frente ao Atlético Madrid de Simeone, uma equipa que não perdia em casa para as competições europeias há 21 jogos. No que toca a Champions, a última a equipa a vencer no Calderón tinha sido o... FC Porto.

O maestro Nico Gaitán e o miúdo Gonçalo Guedes foram os autores dos golos, depois de Correa ter dado vantagem aos espanhóis, que dispuseram de várias oportunidades de golo. Valeu a organização defensiva do Benfica, a entreajuda dos jogadores e um enorme Júlio César na baliza. Os "oitavos" nunca estiveram tão perto e podem ser carimbados logo à 4ª jornada, se as "águias" venceram os próximos dois encontros com o Galatasaray. A estatística diz que 90 por cento das equipas com duas vitórias nas primeiras duas jornadas qualificaram-se para a fase seguinte. Não há como não passar.

Num campo onde o Benfica nunca tinha ganho, Rui Vitória manteve-se fiel aos seus princípios e ideias e acabou por ser feliz. Deu a titularidade a Raúl Jiménez pela primeira vez, tentando tirar partido do fator psicológico, já que o jogador não singrou nos "colchoneros". Foi arrojado ao manter o 4-4-2, com Jonas a recuar muitas vezes e a juntar-se aos homens do meio-campo de forma a equilibrar as contas nessa zona onde o Atlético tinha Koke, Tiago, mas também Óliver.

Nos primeiros 30 minutos o Benfica soube sofrer e mostrou dificuldades para travar a intensidade atacante da equipa de Simeone. Valeu nessa altura a boa organização defensiva, onde os laterais estiveram em bom plano, principalmente o miúdo Nélson Semedo, que nem parece ter estado na Segunda Liga até esta época. Jardel foi enorme e por diversas vezes evitou o tento dos espanhóis, dando o corpo às balas a remates aos 9, 15 e 25 minutos.

O golo do Atlético, um belo golo, foi o corolário do maior pendor atacante dos "colchoneros", com Correa, o estreante da noite, a responder bem a um toque de primeira de Griezmann para bater Júlio César, aos 23 minutos. Era o melhor período da turma de Simeone e o Benfica conseguiu resistir, graças a sua organização mas também a algum desacerto dos espanhóis, como mostrou Jackson aos 22 (por cima), 25 (ao poste) e 30 (defesa enorme de Júlio César).
Mas o Benfica quando subia, ia com perigo. Como mostrou Eliseu aos 16 quando lançou Gonçalo Guedes. O jovem de 18 anos (agarrou o lugar de extremo direito) recebeu o passe longo, contornou Oblak e rematou para a baliza. Só não contava com Filipe Luís que, em cima da linha, evitou o empate. Mas o lateral brasileiro já não estava lá quando Gaitán deu melhor sequência a um cruzamento de Nelson Semedo e fez o empate aos 37, no melhor período do Atlético.

O golo acabou por atordoar o Atlético Madrid, que viu o Benfica consumar a reviravolta aos 51 minutos por Gonçalo Guedes, num grande lance de contra-ataque. Bola recuperada na zona defensiva do Benfica, Gaitán deu em Jonas que logo abriu para o extremo. O maestro correu pela esquerda, tirou um adversário do caminho e com o pior pé (o direito) fez um centro milimétrico para o segundo poste onde apareceu Gonçalo Guedes a marcar, fazendo a reviravolta. O miúdo de 18 anos tornava-se no mais novo de sempre do Benfica a marcar no formato atual da Champions (só batido por Simões que marcou na antiga Taça dos Campeões) e no mais novo de sempre de Portugal.

A partir desse momento e com a equipa portuguesa em vantagem, assistiu-se a um assalto do Atlético à baliza de Júlio César, mas mais com o coração do que com a cabeça. Simeone tentou inverter o rumo dos acontecimentos, lançando Torres, Saul e Vietto em campo para os lugares de Óliver, Griezmann e Correa. Respondeu Rui Vitória com as entradas de Pizzi, Mitroglou e Fejsa para os lugares de Jonas, Samaris e Raúl Jiménez.

Nos minutos seguintes já era um Atlético sem ideias aquele que tentava chegar ao empate. Os únicos remates enquadrados com a baliza foram aos 57 minutos, por Jackson Martinez e Correa, mas Júlio César mostrou porque é dono e senhor do lugar, fazendo duas grandes defesas no mesmo lance. Depois disso, só em lances de bola parada o Atlético criou perigo mas sem nunca rematar à baliza. O Benfica aguentou como pode e acabou por ser feliz, saindo do Calderón com os três pontos e uma qualificação para os oitavos-de-final bem encaminhada.

Foi a segunda vitória de sempre do Benfica em Espanha, 33 anos depois, novamente por 2-1 e com reviravolta no marcador. Foi também o primeiro triunfo do técnico do Benfica fora de portas, ele que agora já pode ser chamado de Rui Vitória, já que na Luz segue 100 por cento vitorioso. O Benfica já tem mais pontos esta época (6) que em toda a temporada da Champions em 2014/2015 com Jesus, onde apenas fez cinco pontos.

No final do encontro, Rui Vitória sublinhou que tinha-se visto uma noite à Benfica na Europa, com uma exibição personalizada e muito segura. Simeone lamentou a falta de eficácia dos seus jogadores, tal como Jackson Martinez, o goleador da equipa muito contestado por estes dias por só ter marcado um golo em sete partidas.

O intransponível Júlio César, o imbatível Nelson Semedo e o lutador Raúl Jiménez mostraram-se obviamente felizes com o resultado, mas avisam que nada está ganho e que é preciso seguir nesta linha para vencer todos os jogos do grupo. Negativo na noite apenas o facto de alguns adeptos do Benfica presentes no estádio Vicente Calderón terem lançado algumas tochas contra os adeptos do Atlético Madrid no momento do golo de Gaitán, comportamento já reprovado pelo Benfica e pelo seu presidente, Luís Filipe Vieira.

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