O treinador Artur Semedo reagiu à sua demissão do comando técnico da equipa principal de futebol do Grupo Desportivo Maputo, decisão anunciada pelo clube na tarde de sábado.

Falando na tarde de domingo, Semedo disse que a sua saída do clube está relacionada com desinteligências com o presidente do clube, Michel Grispos.

"Tínhamos diferenças insanáveis, eu e o Presidente do Desportivo, perspetivas diferentes de futebol, critérios de seriedade e transparência que não são em comuns e por isso não havia mais razões para poder continuar a fazer o meu trabalho tendo em conta aquilo que foi a decisão do clube. É bom dizer que não foi decisão do treinador. O ineditismo desta decisão que aconteceu no sábado a tarde, depois de ser treinador desde segunda-feira até sábado”, disse Artur Semedo, afirmando que “compete exclusivamente à direção explicar” os motivos da sua saída.

O ex-treinador dos alvinegros disse ainda que a sua relação com o presidente do clube não era o melhor e que raramente se encontravam.

“Já não tinha qualquer relação com o presidente há muito tempo, salvo alguns pequenos encontros raríssimos e acho que chegamos a um bom epílogo. A partir de agora espero que o Desportivo seja feliz”, desejou Semedo.

Sobre se a sua demissão tinha como pano de fundo os resultados nada abonatórios que o Desportivo fez nas primeiras seis jornadas do Moçambola, Semedo contou que se tratou de divergências de visão do clube a curto prazo.

“Pela primeira vez desde que estou no Desportivo nunca vi o Presidente a assumir a conquista do título no Moçambola, mas estranhamente, este ano, ele veio assumir a conquista do Moçambola como primeiro objetivo dele, se calhar convencido pela competência do treinador. Mas não era bem isso, era mais para usar como pressão sobre o treinador do Desportivo aquilo que já estava programado, de forma oculta, que pudesse ocorrer, embora tardiamente, porque era para ter acontecido mais cedo. Mas de qualquer maneira a decisão agradou-me porque não havia condições nenhumas para continuar a trabalhar, porque na verdade quando não há cumplicidade, o melhor é cada um seguir o seu caminho”, disse o treinador.

Uma das diferenças entre a direção do Desportivo e o treinador está relacionado com o elevado salário de Salvado, na casa dos 260 mil meticais (cerca de seis mil euros), e outras questões contratuais que o técnico quer ver cumpridas.

“As pessoas têm que ser chamadas à responsabilidade, têm que cumprir com aquilo que são os seus compromissos, em termos daquilo que está contratualmente determinado, embora as pessoas do Desportivo não gostem de fazê-lo. Não fizeram com os treinadores que saíram, é uma norma no clube, desde 2003 que eu sei disto, eu próprio tenho salariais de 2003 e 2009 que não recebi, portanto isto é comum no Desportivo. Espero que as pessoas cumpram, porque se não seguirei as vias que achar necessário para reaver aquilo que é meu de justiça e que me compete, comentou Artur Semedo.