Diego Torres, jornalista do El País, publicou um livro onde "desanca" em Mourinho "de uma ponta a outra". No livro "A Guerra de Mourinho", o jornalista traça o retrato dos anos do treinador português no Real Madrid, através de testemunhos anónimos de dirigentes, empregados e jogadores do Real Madrid. Diego Torres fala de um Mourinho calculista mas cruel.

Numa das passagens do livro, o jornalista conta que o Special One desejava treinar o Manchester United, e quando soube que David Moyes seria a escolha para substituir Alex Ferguson, ficou arrasado.

"Mourinho é imaturo, na medida em que sente pânico perante o fracasso e a perda. Parte do seu segredo, enquanto treinador de êxito, é esse desespero com o qual luta contra o fracasso. Ele não gosta de futebol, gosta de ganhar. No futebol, de alguma forma, Mourinho encontrou um lugar onde parecia que ganhava sempre. Ele vivia essa fantasia e chegou a acreditar que era incapaz de perder", conta o jornalista, em entrevista ao jornal Público.

Após o anúncio da saída de Ferguson do Manchester United no final da temporada passada, muitos acreditavam que o técnico português iria ocupar o seu lugar nos Red Devils. A relação entre os dois e o facto de Mourinho ser conhecedor profundo do futebol inglês apontavam-no como sendo uma das escolhas para o cargo.

"A figura de Ferguson é tão poderosa que ele deixou-se fascinar. É o pai do futebol, que te diz que és o seu filho favorito. É uma interpretação freudiana, mas evidentemente Mourinho queria ocupar o lugar do pai. E está no futebol para ocupar o lugar do pai. Mourinho é treinador porque o seu pai era treinador. Entra no mundo do futebol com um certo ressentimento porque não conseguiu ser futebolista profissional. Continua a olhar os futebolistas com desdém", conta Torres, explicando que o Special One esteve quase a mudar-se para França.

"Ele tinha a possibilidade de ir para o Paris Saint-Germain, mas em Inglaterra há muito dinheiro e notoriedade. Há duas coisas que atraem Mourinho: o dinheiro e a fama. E em nenhum lugar do mundo o idolatram tanto como em Inglaterra. Tanto os adeptos como a imprensa", contou o jornalista do El País ao Público.