O vice-presidente do Vitória de Setúbal Júlio Adrião admitiu hoje que o clube tem salários em atraso, devido a diversas penhoras sobre as receitas previstas para este ano, mas acredita que a direção vai encontrar soluções para os problemas.

«Estamos em atraso em relação a alguns trabalhadores e aos jogadores profissionais, neste caso com dois meses de ordenado. Com esta direção é uma novidade, com direções anteriores chegaram a ser cinco meses, mas temos de responder por nós», disse, embora o Correio da Manhã noticie hoje que alguns futebolistas não recebem desde julho.

O dirigente explicou que «todos os proventos que estavam definidos para esta época estão bloqueados por penhoras, que estão em execução, de antigos treinadores, antigos jogadores e alguns antigos dirigentes».

Segundo Júlio Adrião, as penhoras incidem sobre as principais receitas do clube, designadamente as receitas das transmissões televisivas e dos principais patrocinadores do clube.

«As verbas com que contávamos para fazer os pagamentos, com base no orçamento para esta época, que será um dos mais baixos da I Liga, ficaram todos bloqueadas pelo tribunal», disse.

«Nalgumas das situações estamos a tentar negociar, noutras as pessoas mostram-se irredutíveis, querem o dinheiro, e há ainda casos muito duvidosos, que estão a ser investigados pelo DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal), porque podem configurar crimes em que o Vitória de Setúbal poderá ter sido altamente lesado», frisou.

Embora se recuse a concretizar as acusações, Júlio Adrião promete revelar os nomes das pessoas que avançaram com algumas penhoras em assembleia-geral que deverá ser marcada para novembro.

Júlio Adrião acredita que alguns destes casos poderão ter um desfecho surpreendente, caso se confirmem as suspeitas de crime, mas garante que a direção está a tentar encontrar soluções para desbloquear as receitas de que necessita para regularizar o pagamento de salários.

«Estamos a tentar desbloquear algo que já nos pertenceu e, provavelmente, com um grande grau de certeza, vai voltar à nossa posse. Mais que não seja, poderemos dar isso para cativarem, de forma a permitir que recebamos o dinheiro que contratualizámos com os nossos patrocinadores», disse o dirigente, escusando-se, no entanto, a revelar a que se referia.

Júlio Adrião não o diz, mas sabe-se que a atual direção do Vitória de Setúbal pretende recuperar o direito de superfície dos terrenos do estádio do Bonfim, que tinham sido alienado a favor da Pluripar, o grupo empresarial que se propunha construir um novo estádio na zona do Vale da Rosa.

Por outro lado, nos últimos meses, alguns associados do clube também desenvolveram contactos para aquilatar das possibilidades de o clube recuperar os terrenos de Vale de Cobro, que tinham sido cedidos ao Vitória de Setúbal pela autarquia.

O Vitória de Setúbal abdicou desses terrenos a favor do União Futebol Comércio e Indústria, face à perspetiva de poder usufruir do novo estádio municipal do Vale da Rosa, que nunca chegou a ser construído.