Existe o hábito de misturar os temas da liderança nas empresas com o desporto de alta competição e vice-versa. Talvez face aos desafios que quer as empresas quer o mundo do desporto vivem, tenta-se trazer para ambos os aspetos mais positivos e vantajosos das empresas e do futebol em Portugal. Há cada vez mais uma interação entre os líderes das empresas e os treinadores, com o objetivo de desenvolverem melhores competências uns com os outros.

Mas existem vários riscos. São contextos distintos! Nos jogos, se estiverem a correr mal, não se pode adiar para vermos se amanhã correrá melhor. Nas empresas não podemos alinhar e disciplinar da mesma forma que os treinadores o fazem. Ou seja, um conjunto de especificidades traz ainda mais dificuldades a estas adaptações!

E que tipo de líderes são os treinadores dos três grandes? Quem estilos apresentam eles? Paulo Fonseca no Porto não pode assumir os mesmos traços que apresentava no Paços de Ferreira. A questão não é tanto se Paulo Fonseca já percebeu isso, mas sim, poder não conseguir ser de forma eficiente aquilo que melhor se adaptaria ao Porto. Um treinador que não basta ter ambição e ter brilhado no projeto anterior. Perante aquele conjunto de jogadores evoluídos, valiosos e habituados a treinadores de qualidade, a ambição aliada a uma base muito relacional mas não dirigista, pode esbarrar na falta de resposta para alguns desafios atuais.

Apesar de Pinto da Costa e a sua estrutura raramente falharem, diria que nas empresas, seria como dar o melhor projeto a um novato apenas por ter tido bons resultados num projeto difícil. A grande vantagem de Paulo Fonseca e de Pinto da Costa é que o Porto tem melhor estrutura que a grande maioria das empresas! Por isso, a dúvida recai muito, não na capacidade de potenciar Paulo Fonseca, mas quanto tempo a estrutura levará a conseguir destacá-lo.

Jorge Jesus é, e já o era nos clubes anteriores, muito pressionador e dirigista! Centralizador. É alguém que ‘obriga’ a estrutura a adaptar-se a si e não o contrário. Os jogadores à sua forma de trabalhar. Exige muito e desgasta muito as relações interpessoais com os atletas. É altamente focado no resultado e não no processo. É um treinador que se foca no imediato e não tanto no futuro, apesar de ter potenciado alguns atletas, muitos outros ficaram por saber. Numa empresa, diria que é o chefe que dispõe de todas as ferramentas para alcançar os resultados. Quando consegue é quem se vê primeiro. Quando não ganha é o que olha para trás à procura de culpados. É um estilo de extremos e demasiado exposto.

Leonardo Jardim. O típico (mas bom) coach. Dirigista e coach. Alguém que sabe bem para onde quer ir e tem a capacidade de potenciar os jogadores, não gostando de ser o centro das atenções. Talvez a maior lacuna, necessita de maior impacto comunicacional para fora. Internamente tem o conseguido certamente. Sabe trabalhar com os que tem. Fica a dúvida de como seria com atletas de topo, se conseguiria manter os mesmos traços. De qualquer forma, para os desafios atuais, Bruno Carvalho acertou claramente no perfil desejado e mais eficiente para a realidade. Com outro plantel e expectativas, só na altura se poderá saber.