(SD): A última vez que Fredy Montero marcou foi em Barcelos, há nove meses. O que é que aconteceu ao colombiano para ter este interregno tão grande?
(PA): É uma situação que acontece com todos os avançados. A questão é que isto já acontece há muito tempo. Isto remete-nos para aquilo que é a vontade do jogador de dar a volta à situação. Acredito que o Montero esteja a passar uma fase de extrema ansiedade e muita intranquilidade que, na hora de jogar, o condiciona muito. A questão passa pela forma como ele se consegue soltar mentalmente dos problemas.

Eu fui avançado e sei o que ele está a passar, mas também não vejo nele muita alegria de jogar. Até podem ser problemas pessoais ou o relacionamento com os treinadores – o que não acredito, porque já passaram dois treinadores pelo clube [Leonardo Jardim e Marco Silva] - mas não sei. Eu passei por fases destas, contudo reagia e tentava motivar-me com uma assistência ou, pelo menos, dava tudo em campo. O Montero quando joga parece um jogador triste, resignado, não reage e isso parece algo problemático. Ele tem que fazer as bem as suas tarefas, trabalhar e simplificar processos.

(SD): Em relação ao Slimani, acha que o Sporting está a pagar o "efeito Mundial" e o facto de o argelino ter estado afastado da equipa no início da temporada?
(PA): O Slimani parece mais uma questão de equipa, uma questão global, que tem a ver com o rendimento do grupo. O momento que a equipa está a atravessar não tem sido bom e isso parece ser o motivo. O Sporting precisa de resultados para os jogadores se libertarem, para a equipa melhorar. Pode-se questionar um pouco a qualidade de um ou outro momento, o que se reflecte, em termos colectivos, em todo o grupo.

(SD): Se o Sporting tiver um mau resultado, o lugar de Marco Silva está em risco?

(PA): Não acredito. Mas é verdade para o Marco [Silva] e para qualquer treinador que, por muito que haja vontade de querer ganhar e se não se vence num clube com a dimensão do Sporting, o treinador é o mais visado. Mas não me parece que haja motivo para falar disso tão cedo.

(SD): Acha que Marco Silva ainda se está a adaptar a um clube com a dimensão do Sporting?

(PA): Quer se queira quer não, há uma diferença muito grande entre treinar um Estoril, um Gil Vicente ou um Vitória de Guimarães e treinar um "grande", onde o mediatismo e a pressão são muito maiores. Mas isto acontece de uma forma natural, é normal a adaptação de todos [treinador e jogadores] e não vejo isso como um problema.

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