O treinador Paulo Fonseca resistiu hoje a comentar a sua passagem pelo FC Porto, na época passada, mantendo o voto silêncio, com o argumento de que o seu presente no futebol chama-se Paços de Ferreira.

"Até hoje tive imensas solicitações para falar do FC Porto, mas nunca o fiz e vou manter essa decisão de não falar, independentemente do que o presidente [Jorge Nuno Pinto da Costa] possa ter dito", disse Paulo Fonseca, confrontado com a entrevista de sábado do presidente do FC Porto ao Porto Canal.

Entre vários elogios à sua pessoa, Jorge Nuno Pinto da Costa assumiu a aposta no espanhol Julen Lopetegui como fazendo parte de "uma mudança radical", nomeadamente na empatia do treinador com os adeptos, bem como na mentalidade dos futebolistas.

"Queria um treinador que mudasse essa mentalidade, que incutisse entusiasmo à equipa, que esta acreditasse em si e o seguisse. Não existe um treinador infalível. Estudei muitos perfis e opções, ouvi muita gente sobre como ele era, como dirigia e quanto à disciplina. Cheguei à conclusão de que era o treinador para a revolução e mudança de mentalidades", disse Pinto da Costa ao canal televisivo do clube.

O presidente do FC Porto disse ainda ser da opinião de que agora há um "grupo com mística e entusiasmo", entendendo que os adeptos se "identificam com este tipo de treinador" e garantiu que a equipa "está apenas focada em vencer".

Fonseca disse ter lido apenas o que os jornais reproduziram hoje dessa entrevista e manteve o voto de silêncio, entrecortado apenas com a seguinte afirmação: "Aprendi muito, mas o FC Porto é passado e, nesta altura, o meu presente é o Paços de Ferreira".

Em 2013/14, o FC Porto, com Paulo Fonseca, tinha mais quatro pontos à sexta jornada (mas ainda não tinha defrontado outro dos "grandes", como já aconteceu este ano com Julen Lopetegui, ao empatar em Alvalade, 1-1) e seguia à frente dos eternos rivais.

O Sporting tem hoje menos quatro pontos do que na altura e apenas o Benfica melhorou os resultados, somando agora mais cinco pontos do que na época em que se sagrou campeão.

Paulo Fonseca ouviu os factos e não respondeu, mas, quando confrontado com a situação atual, depois de ter revolucionado o futebol do Paços de Ferreira, devolvendo identidade à equipa comparativamente à última época, ter ganho a empatia do grupo e a total simpatia dos adeptos, não escondeu o que lhe ia na alma.

"Por isso, estou feliz e sinto-me satisfeito", concluiu.