A semana de treinos do Arouca para a deslocação a Guimarães, na 27.ª jornada da I Liga de futebol, arrancou hoje com a presença de 57 alunos de um ATL local.

O momento mais especial foi quando Rui Sampaio ofereceu a camisola a uma menina com Trissomia 21.

Nem todos os treinos do Arouca são à porta aberta. Também nem todos têm público nas bancadas, muito menos um público jovem, atento e ruidoso, como as 57 crianças, entre os seis e os 10 anos, do ATL do Patronato-Centro Paroquial e Social Rainha Santa Mafalda.

Por isso, na manhã de segunda-feira, no Estádio Municipal de Arouca viveu-se um treino diferente.

Nas bancadas gritava-se pelos nomes dos jogadores que mais conheciam. O guardião Mauro Goicoechea, David Simão, Ivan Balliu e até se sabia nomes de quem não estava. "Falta o ‘pretinho’ que veio do Porto", gritou um dos rapazes mais espevitado, referindo-se a Kayembe, ao serviço da seleção sub-21 da Bélgica.

Não faltaram gritos de apoio ao Arouca, como se todos eles fizessem parte de uma claque organizada. Ao incentivo que vinha da bancada, os jogadores, no relvado, iam acenando e pedindo mais cânticos.

"É importante a presença das crianças e que elas queiram estar connosco. Esta atenção que eles nos dão é especial e não é por cinco ou 10 minutos que passamos com eles que perdemos tempo, pelo contrário, é tempo ganho!", considera o médio Rui Sampaio.

No final, não houve autógrafos, mas houve tempo para serem cumprimentados, um por um, pelos jogadores do plantel arouquense.

Entre os cumprimentos, destacou-se o de Rui Sampaio a Bianca. Portadora de Trissomia 21. Bianca estava maravilhada com toda a envolvência do treino e estranhava o contacto com os jogadores, pessoas que lhe eram estranhas.

No entanto, Bianca não estranhou o contacto com Rui Sampaio, atleta que presenteou com beijos. O médio retribui e ofereceu uma das suas camisolas à menina. "Sei o quanto esses meninos são especiais. Sei bem o que é a Trissomia 21. Fiz o que senti que devia fazer naquele momento, não foi algo que estivesse previamente pensado. Surpreendeu-me o facto de ela ter acedido a vir comigo e de me ter dado beijinhos. Valeu a pena vê-la sorrir. Deu-me mais ela a mim do que eu a ela", explicou Rui Sampaio, esclarecendo que teve uma irmã mais velha com o mesmo síndrome.