Em conferência de imprensa, o treinador Leonardo Jardim e o “capitão” Hugo foram os porta-vozes de uma reflexão do grupo: “Queremos descansar os beiramarenses e dizer que vamos manter o esforço, pois estamos cientes das responsabilidades que temos”.

“Tomámos esta posição porque acreditamos que esta situação irá ser resolvida, pois não faz sentido o Beira-Mar estar a passar por isto”, frisou o defesa “auri-negro”, acrescentando: “Há pessoas com capacidade para intervir e com urgência”.

Hugo explicou que as dificuldades financeiras têm sido resolvidas pontualmente e frisou que “não há um prazo limite” para o plantel manter esta resolução: “Se isto se arrastar, pode haver empresários e outros clubes a aproveitarem”.

O “capitão” aveirense frisou também que “nem todos os jogadores de futebol são o Cristiano Ronaldo” e que, fora dos grandes clubes, a realidade vivida pelos profissionais de futebol é bastante diferente.

“Neste plantel, mais de metade dos atletas têm um vencimento inferior a 1.500 euros, pagos em 10 meses e não em 14” disse, rematando: “Já passei por situações parecidas e não gostava de voltar a ver colegas a serem despejados de casa ou a não terem dinheiro para comer”.

O treinador dos aveirenses colaborou com esta ideia: “Não há ninguém com ideia de rescindir, mas a partir do dia 08 (domingo) cada atleta tem um carácter e uma vontade individual”, afirmou.

Leonardo Jardim sublinhou que é a primeira vez que está num clube sem direcção e com salários em atraso e explicou porque é que a greve não foi uma hipótese equacionada.

“Na minha opinião, a greve não resolve nada, apenas penaliza os atletas, porque se desvalorizam ao nível da performance desportiva e perante os adeptos e o próprio clube que se representam” garantiu o técnico.

O responsável pelo “onze” aveirense acrescentou: “Nesta carreira, as motivações não podem ser apenas o dinheiro”, disse, acrescentando: “Estes jogadores têm prazer em treinar e jogar e isso torna a minha missão de gestão mais fácil”.

Leonardo Jardim deixou também uma mensagem para “todos os que lideram o futebol português”, no sentido de alertar: “Estes problemas acontecem todas as épocas e só tiram credibilidade ao futebol profissional”, concluiu.

Apesar dos problemas financeiros, o Beira-Mar segue no quinto lugar da Liga de Honra em futebol, com 13 pontos, apenas menos um do que o líder Gil Vicente.