A Praça do Município, em Braga, que acolheu este domingo alguns milhares de adeptos bracarenses para assistirem à final da Taça de Portugal de futebol, passou por um ‘carrossel de emoções', que culminou em desilusão, após o triunfo do Sporting.

Depois de ter chegado ao intervalo a vencer por 2-0, em superioridade numérica, o Sporting de Braga sofreu o empate na compensação, viu o jogo a ir a prolongamento e acabou por perder no desempate por grandes penalidades (3-1), quando Salvador Agra falhou, o que causou a desilusão do adeptos e a debandada geral da praça, que esvaziou rapidamente.

O ambiente pesado que se fez sentir após o final da partida, com semblantes carregados e até mesmo algumas lágrimas, contrastou vincadamente com a disposição que dominou o lugar durante a maior parte do tempo, em correspondência com o que se passou no Estádio Nacional.

Os aficionados do Sporting de Braga, que conferiram tons de vermelho e branco à praça, enchendo as zonas laterais da e a zona junto ao ecrã, colocado mesmo em frente ao edifício da câmara municipal, mostravam-se, antes do jogo, crentes no triunfo, apesar de algo ansiosos.

"Estou ansiosa, porque lembro-me que, quando era pequena, na final no Jamor com o Porto, fui com os meus pais e fiquei cá fora. Hoje, tenho uma noção do que esta Taça significa para o clube. Tenho fé que o Braga ganhe", disse Márcia Silva, de 23 anos, e sócia do clube desde os cinco.

A adepta ‘arsenalista' deu mesmo a receita para o triunfo: "entrarem com garra, não se deixarem abater e pensarem que têm milhares de pessoas a apoiá-los, não só lá, como aqui, e acreditarem".

Já Eduardo Costa, sócio dos minhotos há 42 anos, referiu que Sérgio Conceição teria de "jogar com os titulares" e prognosticou um triunfo por 1-0, com um golo de Éder para "ganhar moral para a seleção".
Acabou mesmo por ser o avançado internacional pela seleção a causar a primeira ‘explosão' de alegria em Braga, quando converteu o penálti, que originou a expulsão de Cedric e colocou a turma de Sérgio Conceição na frente.

Com vantagem no marcador e em superioridade numérica, o entusiasmo e a esperança eram bem mais visíveis nos adeptos minhotos, que voltaram a erguer cachecóis e bandeiras bem no alto, quando Rafa fez o segundo golo, aos 25 minutos, deixando os bracarenses em posição confortável.

Ao intervalo, o otimismo ‘varria' a Praça do Município e ninguém parecia recear que o Braga pudesse deixar escapar o troféu.

Entre os milhares de bracarenses presentes na Praça do Município, havia uma minoria de adeptos sportinguistas. Um deles, Sérgio Matos, reconheceu que o Sporting de Braga estava a jogar melhor, mas não se mostrou resignado com o resultado.

"Como sportinguista, a esperança é a última a morrer", afirmou, elogiando, de seguida, a convivência pacífica entre os adeptos das duas equipas.

Na segunda parte, a alegria dos bracarenses transformou-se, gradualmente, em ansiedade, à medida que contavam os minutos para poderem iniciar a tão almejada festa pela conquista da Taça de Portugal.

O golo de Slimani, aos 84 minutos, transformou, desta feita, a ansiedade num estado de apreensão pela possibilidade de o Sporting empatar, que depois se transformou na primeira grande desilusão da tarde, quando Montero fez o empate, em tempo de compensação.

Com a chegada do prolongamento, regressou a expetativa de que a equipa de Sérgio Conceição pudesse voltar a colocar-se na dianteira da partida e resolver a questão da Taça até ao minuto 120.

A praça quase voltou a entrar em ‘ebulição', quando Salvador Agra apareceu na cara de Rui Patrício, mas o guardião negou o terceiro golo do Braga, e o jogo foi mesmo para grandes penalidades.
Os milhares presentes, com olhos fixos no ecrã gigante, esperavam que a ‘lotaria' saísse ao Braga, mas a equipa minhota apenas converteu uma grande penalidade por Alan.

Quando Salvador Agra falhou a quarta tentativa, a esperança de ver o Braga voltar a conquistar a Taça de Portugal, 49 anos depois, e de festejar pela noite dentro esvaiu-se.

A grande maioria dos adeptos do Sporting de Braga, desiludida, abandonou imediatamente o local, ao passo que outros permaneciam imóveis, perante a tamanha frustração que viveram.

No final, a festa coube aos poucos adeptos do Sporting que por lá estavam, como é o caso de Adriana Freitas, que se mostrou orgulhosa da sua equipa.

"Mesmo a jogar com 10, mostrámos que podemos ganhar a qualquer equipa. O Nani, para mim, foi o jogador mais interventivo", disse a aficionada dos ‘leões', que estava acompanhada por outra adepta, mas do clube adversário.

Mariana Rolim reconheceu que o desfecho foi uma desilusão.

"Tinha a expetativa de que o Braga ganhasse a Taça. O jogo provava isso mesmo, mas foi aos 92 minutos que o Sporting empatou e depois venceu nos penáltis", disse, dando, de seguida, os parabéns a exibição dos jogadores da sua equipa.