Adriano Baptista é angolano e tornou-se no braço direito da seleção italiana de hóquei em patins, durante o mundial a decorrer no país da palanca negra. O seu bom desempenho valeu-lhe um convite para trabalhar para a embaixada italiana, em Angola.

Em 2008 viajou para o país da "squadra azzurra" de hóquei e em cinco anos aprendeu a falar italiano. A sua desenvoltura com a língua não denúncia o pouco tempo que lá esteve. Adriano fala italiano como quem nasceu e viveu em Itália.

Um amigo disse-lhe que precisavam de tradutores de várias línguas para o Mundial de Hóquei em Patins, na cidade de Luanda e Namibe, Angola, o jovem agarrou a oportunidade e foi à entrevista de emprego.

«Na sala eramos mais de uma dezena de candidatos. Perguntaram quem falava francês, vários levantaram a mão, para inglês e espanhol aconteceu o mesmo e na vez do italiano, eu sentado ao fundo da sala, fui o único a pôr a mão no ar. Senti-me envergonhado».

Foi um bom presságio, se dominasse a língua, o lugar seria seu. Fez os testes e passou.

Desde que começou o mundial, a 20 de setembro, Adriano tem sido o braço direito da equipa. Acompanha a comitiva para todo o lado. «Temos que estabelecer uma ligação com eles. O nosso papel não é só traduzir. Se vemos que o motorista está atrasado, ligamos para ele, se for necessário chamar alguém ou atender a qualquer outro pedido também o fazemos.»

Para além desse apoio, Adriano chegou a surpreender a formação italiana. Os jogadores e técnicos procuravam levar uma lembrança na bagagem: um simples hímen de frigorífico que, aparentemente, não é fácil encontrar no mercado angolano. Adriano, fez disso a sua missão e procurou até encontrar. «Ficaram mesmo felizes com o meu presente», disse o tradutor.

Para o jovem de 23 anos, esta foi uma oportunidade de ouro. A sua boa prestação durante o evento proporcionou-lhe uma recomendação para trabalhar na embaixada italiana que, alegadamente, está interessada nos préstimos de Adriano.

Quanto à organização do Mundial de Hóquei em Patins 2013, o primeiro a acontecer em África, Adriano ressalva que houve algumas falhas em termos de comunicação, que acabaram por influenciar diretamente o seu trabalho, mas o balanço é bastante positivo, «uma mais-valia para o país».