No Estoril Open não são apenas os melhores tenistas que ficam para a final, já que só a “fina flor” dos juízes de linha tem direito a marcar presença no epílogo do maior torneio de ténis português.

Hoje, ainda estarão no complexo do Jamor 22 juízes de linha. No domingo serão apenas 16 os sobreviventes de uma odisseia que começou com 66 “concorrentes”, um número que, por si, supõe já uma seleção.

«A seleção é feita em função do desempenho deles no ‘court’ esta semana. Eles, cada vez que entram em ‘court’, entregam aos árbitros uma folha com os nomes deles e os árbitros vão fazendo avaliações, vão-nos comunicando e nós fazemos a seleção com base nessas indicações», explicou à Lusa Teresa Mascarenhas.

Mas esse não é critério único para a última palavra da “chefe” da equipa.

Para garantir que hoje e no domingo estarão no Jamor apenas “os melhores”, Teresa Mascarenhas observa «a postura e concentração dentro do court e também a maneira de ser, de encarar o torneio e de estar» no Estoril Open.

«Tudo isso é importante porque cria um bom ambiente. É importante para mim e para os colegas que estão a trabalhar com eles. Eu preciso de ter confiança nas pessoas que estão no ‘court’. Se por qualquer motivo não me inspiram essa confiança eu prefiro não as ter», assumiu a responsável máxima pelos juízes árbitros.

Antes de chegarem aqui, o processo de seleção foi mais simples: Teresa Mascarenhas enviou um email a quem tinha estado presente em edições anteriores e esperou respostas.

«Houve muitos de edições anteriores que pediram para fazer também este ano. Portanto, eu tinha excesso de pessoas já com experiência e não tive de fazer um curso para novos elementos. E dentro das respostas que tive, escolhi 66, dos quais dez vêm do estrangeiro», contou à Lusa.

Fora os estrangeiros, que são escrutinados pela juiz árbitro do torneio, a portuguesa Mariana Alves, que os conhece das provas que faz fora do país, Teresa Mascarenhas acompanha e avalia todo o processo de seleção.

«Fazemos uns fins de semana de preparação, durante os quais eles vão sendo avaliados e os melhores ficam para fazer parte da equipa final do Estoril Open e os outros não», explicou.

Este ano, a seleção foi feita a dois “timings”: primeiro, em competição, durante a Copa Ibérica, depois, uma semana antes do arranque do torneio, numa simulação com atletas de alta competição.

«Temos já alguns elementos que fazem isto há bastantes anos. Temos juízes de linha que já fazem há 15, 16 anos, depois outros com dez, oito. Todos já fazem pelo menos há dois anos», descreveu, revelando que o mais tem 19 anos e o mais velho “60 e tal”.

Para estarem nos nove dias de competição do Estoril Open, os selecionados são obrigados a alguma “ginástica”: »Aqueles que são estudantes gerem a faculdade da melhor maneira e aqueles que trabalham como eu têm de meter férias no trabalho para poder estar aqui».

Apesar do sacrifício, Teresa Mascarenhas admite que tudo vale a pena.

«Eu não trocava esta semana por nada», confessou a também juiz de linha que já exerce essas funções desde 1993.