Ontem, ao ler que cinco dos melhores clubes europeus estavam interessados em Matic, recordei os jogos iniciais da pré-época de 2011, onde depois de analisar as suas capacidades fiquei convicto e afirmei que aquele jovem oriundo do Chelsea via Vitesse, era melhor e mais completo do que Javi Garcia. Porém, quando o espanhol foi para o Manchester City, em 2012/13, quase toda a comunicação social e alguns treinadores, ignoraram a classe de Matic, ao argumentarem que era difícil encontrar um substituto à altura.

Hoje, Matic é fundamental, pois é o motor que manobra o futebol encarnado e por isso é pretendido por vários clubes europeus. Ao invés, o “insubstituível” Javi Garcia é suplente no Manchester City. Esta realidade comprova o que previ. Pena foi que o sérvio estivesse tapado durante uma época por um jogador que lhe era e é inferior.

Esta e outras premonições talvez aconteçam por uma questão de sorte, pois em alguns casos elas são exceção no meio das opiniões unânimes. Esta questão do Matic veio à baila porque hoje fala-se demasiado de futebol, pois salvo algumas, várias e valorosas excepções, qualquer pessoa “bota palavra” na comunicação falada.

Quando Jesus colocou o duo Fejsa e Matic no meio-campo caiu o “Carmo e a Trindade”, e em uníssono toda a gente argumentava que o menor rendimento de Nemanja Matic devia-se ao estar a atuar fora do seu habitat, num lugar diferente e por isso não rendia. O mais grave era escutar estas afirmações de pessoas com responsabilidades técnico-táticas.

A linguagem era mais ou menos esta: 'Ele é um 6 e não um 8'. Esta nova terminologia dos números e de outros palavrões está impregnada no desporto rei e é uma linguagem vazia e sem conteúdo futebolístico. O mal é que se pega, e aqueles que deveriam ter uma leitura e um vocabulário mais técnico e tático repetem os ditames dos teóricos.

Dizer que naquela posição Matic rende menos é pura ignorância, dado que Matic não tem posição; ele posiciona-se, mas desloca-se e pisa todas as zonas do campo. Mas qual posição? Ele defende quando é de defender, está na origem das momentâneas transformações do 4X4X2 para 3X4X3, é um jogador influente no jogo atacante, no qual proporciona golos aos colegas, e ele próprio os concretiza.

Tal como escrevemos, Matic, com Fejsa ou sem Fejsa, é o jogador mais regular do Benfica. Surpreendente é o silêncio dos que diziam que ao jogar ao lado do seu conterrâneo, Matic apagava-se, não era o mesmo e não tinha espaço para explanar o seu jogo. Puro engano, o exemplo das últimas e ótimas exibições estão bem presentes.

Apesar do futebol contemporâneo necessitar de inovadoras metodologias de treino e de inéditos planos coletivos e a nível individual de modo que, de uma vez por todas, os jogadores aprendam de facto o que devem fazer em campo. Porque na realidade não sabem, pois o ensinamento e as ideias são limitados e conservadores. Contudo, não cataloguem os jogadores por números, mesmo neste “estático” futebol não há um jogador (excepto o guarda-redes) que tenha uma posição, uma zona definida para actuar.

Deixem-se de números! Porque o futebol é mobilidade, é interação entre os sectores, os quais formam um envolvimento de jogadas por todas as zonas do relvado. No meu conceito de jogo, os laterais não só defendem, como são autênticos extremos e por vezes pontas de lança. Os centrais, além de defensores, saem a jogar, e no percurso assumem o papel de médios e até de finalizadores. Os médios por vezes são defesas: centrais e laterais e noutras são pontas de lança. Os alas, para além de atacantes e municiadores, são também defesas e pontas de lança. 

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