Perante uma plateia composta por cerca de 300 pessoas, Luís Silva, português que dirigiu as operações do estádio Maracanã durante o Mundial’2014, recordou a prova e afirmou que é difícil gerir um recinto que tem "12/13 jogos por mês", destacando a grande procura que o recinto tem verificado.

"O Maracanã tem uma média de 12/13 jogos por mês. Se pensarmos na complexidade que organizar um jogo acarreta, é um nível de refinamento e detalhe na operação que é difícil de atingir no início. Muitas vezes preparamos o estádio para 30 mil pessoas e aparecem 5 mil. O 'staff' para organizar um jogo poderá variar entre os 1200 e os 2500 funcionários. A procura é enorme, conseguimos organizar mais eventos que jogos e o Maracanã tem condições para organizar todo o tipo de eventos", começou por dizer no colóquio integrado no "Football Talks".

O antigo funcionário do FC Porto, que dirigiu várias estruturas do clube e supervisionou a construção de novos negócios no local, explicou que o seu trabalho passava por tratar das questões técnicas.

"O Maracanã recebeu mais de meio milhão de espectadores, teve uma média de 70 mil em cada um dos sete jogos. Na final não houve nada de relevante a apontar, tivemos 73 mil espectadores. Nós ficámos sob a orientação da FIFA e ficámos com a parte técnica do estádio, enquanto a FIFA assumiu as questões de segurança e as restantes áreas".

Luís Silva recordou ainda o momento menos bom que passou no local que recebeu sete partidas durante o Campeonato do Mundo: "O pior momento foi a invasão de chilenos durante o jogo Espanha-Chile. Houve uma falha de segurança e cerca de 300 tentaram invadir o estádio. Cerca de 60 chegaram ao relvado, tendo partido algumas infraestruturas".

A finalizar, o funcionário da IMG, empresa que organiza eventos desportivos, confessou que ainda não há uma solução para financiar os custos dos estádios e que a construção do Maracanã não envolveu uma racionalização dos custos devido à sua história.

"A questão que ainda se mantém é acerca do futuro dos estádios e do custo dos estádios, mas acho que o Brasil tem condições para os rentabilizar. O Maracanã não teve um lado racional acerca do futuro do estádio. É um estádio com história e é difícil recuperar o investimento que foi feito com o nível de futebol que existe no Brasil", revelou, dando depois como exemplo o financiamento do Estádio do Dragão.

"No caso específico do FC Porto, o clube tinha um determinado nível de receitas e despesas e, com a construção do novo estádio, as receitas cresceram substancialmente e criaram-se várias áreas de negócio. Tem um período de pagamento de 14/15 anos e, segundo sei, o estádio estará liquidado dentro de dois três anos".