A remodelação do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, teve uma sobrefaturação de cerca de 60 milhões de euros, segundo investigação do Tribunal de Contas regional divulgada por vários órgãos de informação.
A televisão Globo divulgou documentos que revelam indícios de desvios de dinheiro em serviços e produtos, sobrefaturados, bem como adição de cláusulas suspeitas ao contrato de um projeto a cargo das construturas Odebrecht, Andrade Gutiérrez e Delta, todas implicadas no escândalo de corrupção em torno da petrolífera nacional Petrobras.
A remodelação do Maracanã foi estimada em cerca de 210 milhões de euros, mas o preço final saldou-se em 357 milhões. O Tribunal de Contas do estado do Rio de Janeiro já determinou a suspensão de pagamentos às construtoras em outros contratos com o governo regional.
As finanças querem que o consórcio devolva 57 milhões de euros aos cofres públicos, depois de o tribunal já ter determinado o arresto de recursos obtidos com a venda da concessão do estádio.
Os documentos revelados pela Globo mostram que as irregularidades começaram logo com o projeto básico de reforma, já que o mesmo sofreu “significativas alterações”, todas com maiores custos para o erário público.
Aqui, destaca-se o previsto aproveitamento da arquibancada original do estádio que acabou substituída por uma nova que custou 78 milhões de euros, valor cinco vezes superior à estrutura semelhante do estádio da Cidade do Cabo, usada no Mundial2010 de futebol.
As investigações ao caso de corrupção da Petrobras resultaram em revelações de ex-responsáveis da Andrade Gutiérrez, segundo as quais o governo do Rio de Janeiro favoreceu o consórcio, formando-se um cartel entre as construtoras para orientar a licitação mediante subornos.
Esta denúncia levou à prisão do ex-governador Sérgio Cabral, tal como o seu secretário de obras regional, Hudson Braga.
Sede da final do Mundial2014 e das cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos Rio2016, o Maracanã ficou ao abandono no fim de 2016, na sequência de conflito entre o consórcio que o administra e o comité Rio2016, com os primeiros a exigir a devolução do recinto nas mesmas condições em que foi entregue, solicitando obras no mesmo.
Desde finais de novembro, apenas a semana passada o Maracanã foi utilizado, com o Flamengo a usar o recinto na Taça Libertadores, depois de pagar do seu bolso cerca de 600 mil euros para reparar alguns dos problemas resultantes de três meses e meio de abandono.
Comentários