O antigo futebolista internacional português Deco, ilibado pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) num caso de doping, defendeu hoje que a sua absolvição não apaga os danos que o caso causou à sua carreira.
“É lógico que perdi muitas coisas. Na altura, estava a jogar e talvez isso possa ter ajudado a antecipar o fim da carreira. Perdi contratos. Perdi coisas. Isso não pode acontecer devido a um erro. Eu fui muito prejudicado, mas para mim o principal era provar e que isso ficasse claro que acabasse a minha carreira, como sempre foi, sem nenhuma mancha”, reconheceu o ex-jogador em declarações à sua assessoria de imprensa.
Na terça-feira, o TAS considerou Deco inocente por ter dúvidas quanto à validade das análises do laboratório brasileiro Ladetec, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que entretanto perdeu a acreditação da Agência Mundial Antidopagem (AMA).
O antigo futebolista tinha sido condenado pelo Tribunal Superior de Justiça Desportiva do Brasil, devido a uma análise que acusou o diurético furosemida num jogo entre Fluminense e Boavista no início de 2013.
“Para mim, só vem comprovar o que eu já sabia. Eu sei exatamente aquilo que fiz durante toda a minha carreira. Nunca usei nada que fosse proibido. Ou era um problema da farmácia que fez as vitaminas, ou era um erro de análise na urina. Como eu nunca usei nada estava tranquilo. Agora é triste ver que, no final das contas, foi preciso recorrer ao tribunal da FIFA. Foi feito um novo exame e foi comprovado o que eu já sabia e o que eu já imaginava”, afirmou.
De acordo com o ex-jogador, foi feita uma nova análise à urina no laboratório da FIFA, que deu negativo.
“Então o laboratório constatou o erro, talvez, da Ladetec no Brasil. Na altura, era credenciada pela AMA. Então, se houve algum erro, tanto o Ladetec quanto a AMA têm responsabilidade nisso”, argumentou, sem avançar se vai pedir alguma indemnização.
Deco pôs um ponto final na carreira em agosto do ano passado, já depois de ter cumprido um primeiro castigo de um mês.
“Estava a jogar quando aconteceu esse doping, e isso é uma coisa grave. Independentemente se estava no final, no começo ou no meio da carreira. Até porque, com certeza, aconteceram outros erros de atletas no futebol ou de outras modalidades. Isso é uma responsabilidade muito grande. Eu fui até o final para provar, sabendo aquilo que eu tinha feito”, prosseguiu.
Para Deco, o mais grave em todo o processo foi a utilização da palavra doping: “a primeira notícia que sai no caso de doping, é o nome doping. E doping é muito forte. E quando você é absolvido ou quando comprova o erro a notícia não é tão grande quando sai o resultado”.
Antes de abandonar a carreira profissional, em agosto de 2013, Deco jogou em clubes como Corinthians Alagoano, Alverca, Salgueiros, FC Porto, FC Barcelona, Chelsea e Fluminense, tendo somado 75 internacionalizações por Portugal.