Nicholas Barros gosta de números e quer vir a formar-se em engenharia eletrónica mas por enquanto é entre as aulas no Liceu Cesaltina Ramos, na Praia, e as acrobacias com a bola de futebol que divide o seu tempo. É praticante de futebol 'freestyle' há cerca de 4 anos.
"Inspirei-me num programa de televisão e comecei a praticar. Quando vi fiquei logo impressionado. Não acreditava que alguém pudesse ser capaz de fazer coisas desse género apenas com uma bola", conta encantado.
Sentiu curiosidade em experimentar a modalidade, começou a tentar - em brincadeiras com o irmão - passos ainda básicos e aos poucos foi pesquisando na internet e diz que depressa "tornou-se quase um vício".
"No início começou tudo como simples brincadeira, nada sério, mas não desisti. Fui explorando as minhas capacidades, aprendendo novas técnicas e ao fim de um ano comecei a encarar o hobby com mais seriedade. Regular tempo de prática, fazer calendários dos treinos … até chegar ao nível que atingi hoje", continua.
Antes de conhecer o futebol freestyle já jogava futebol mas não considera que tivesse especial paixão pela modalidade desportiva. Mas frisa: "'Futebol' e 'Freestyle' não são a mesma coisa. No fundo não têm praticamente nada a ver um com o outro. Diria que apenas têm uma bola em comum. No freestyle estás sozinho, é expressão, podes fazer o que quiseres enquanto que no futebol é tudo muito mais limitado".
Dedica cerca de uma hora e meia do seu dia aos treinos, visto que também tem que dividir o seu tempo com os estudos.
"Freestyle é liberdade"
Volvidos quatro anos de dedicação, Nicholas não tem dúvidas de que "as horas e horas" de treino "valeram a pena" e a "evolução foi gradual". "Fui subindo degrau a degrau. Houve momentos em que lesionei-me, em que tive de parar e recomeçar. Alterei também a minha rotina, tempos de treino e estilo".
Aos que gostavam de começar a dedicar-se à "arte" lembra que é preciso "muita paciência, muita dedicação e muito amor" e ainda alerta "que nos treinos 95% são normalmente apenas falhas". "É um desporto complicado e há muitos fatores que acabam por influenciar. Desde o sapato que é utilizado, à bola e as condições … e por vezes apenas um centímetro pode fazer com que deixes a bola cair. O erro é o caminho para o sucesso". Ser criativo e não ter medo de arriscar são outras duas caraterísticas importantes a ter, diz.
"Freestyle é liberdade. Cada pessoa dá o seu cunho pessoal e faz os truques da sua maneira. Nunca encontras dois praticantes iguais e a partir do momento que passas a dominar a base podes criar os teus passos e o teu estilo, sem limite para a criatividade", conta.
Criar uma escola de futebol Freestyle em Cabo Verde
Nicholas Barros lembra que quando começou tinha, não um, mas vários ídolos, fontes de inspiração, e via muitos vídeos na internet. Hoje diz que já tem as suas próprias inspirações e considera que chegou a um patamar em que quer ser ele a inspirar outras pessoas.
Um dos seus maiores objetivos nos futuro é poder criar uma escola de futebol freestyle no seu país e viajar o mundo com a sua bola para conhecer outros freestylers, ganhar mais experiência e participar em competições, o seu maior sonho.
Por enquanto dá aulas de futebol freestyle na escola secundária Cesaltina Ramos, em Achada de Santo António ao lado de outro praticante, João Rodrigues. As aulas por enquanto são gratuitas e começaram em janeiro. Já contam com cerca de 20 alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos.
O jovem tem feito algumas apresentações - a amigos mas não só-, para mostrar o seu talento mas também dar a conhecer a modalidade e assegura que o feedback que tem recebido é bastante positivo. "As pessoas normalmente olham para o que faço como sendo ‘algo de outro mundo’. Não estão habituadas e ficam orgulhosas por verem que já se faz em Cabo Verde".
"Nunca estou satisfeito com o nível que já atingi e quero sempre ir mais além", conclui convicto.
Veja a performance de Nicholas (Nick) Barros num vídeo publicado pela página F3CV:
Comentários