O Benfica regressou ao Mónaco três meses após a sua última visita e, tal como acontecera nessa altura, saiu do Principado com uma vitória. Ao contrário da alcançada em novembro, esta não teve frenesim e os contornos épicos do jogo da fase de liga, mas permitiu aos encarnados saírem em vantagem para a segunda-mão.

Uma vantagem que poderia ter sido bem maior, tal foi o caudal ofensivo e as oportunidades falhadas pelas águias, especialmente após se terem apanhado em vantagem numérica.

Pelo meio, Bruno Lage viu sair Di María e Tomás Araújo, ambos por lesão, esperando-se agora pela reavaliação dos dois casos.

Apesar de magra, a verdade é que o Benfica chega em vantagem para o jogo no Estádio da Luz onde, tal como previra Bruno Lage, tudo se irá decidir.

O jogo: Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos: era assim que o Benfica entrava para este jogo, disposto a repetir o triunfo alcançado meses antes diante do mesmo adversário. Para tal, Bruno Lage não podia contar com Bah e Manu, chamando Florentino e António Silva para o onze, o que levou à passagem de Tomás Araújo para o lado direito da defesa.

Tal como sucedera em novembro, o encontro começou a bom ritmo, com as duas equipas a terem boas oportunidades de golo; Carreras começou por atirar ao lado e Akliouche obrigou Trubin à defesa da noite...tudo isto em dez minutos.

Mas quem pensava em novo jogo elétrico entre as duas equipas, enganou-se redondamente. Com efeito, o jogo disputava-se a baixa tensão, e muito a meio-campo, não devido à grande eficácia das defesas, mas antes pelo desacerto total dos ataques, incapazes de desenhar jogadas com princípio, meio e fim.

E foi mesmo já no fim da primeira parte que se voltaram a ver balizas; Carreras teve novamente o golo nos pés, e António Silva quase marcava de calcanhar. Ao intervalo adivinhava-se um jogo bem diferente.

Palpite acertado. Apenas três minutos bastaram para ver que o segundo tempo não teria nada a ver com o primeiro; grande passe de Tomás Araújo para Pavlidis que, após ganhar no físico a luta com Salisu, usou de um toque mais fino para bater Majecki e inaugurar o marcador.

O brilhozinho reacendia-se nos olhos dos encarnados.

E se recordarmos da canção de Sérgio Godinho, recordamos que esse brilhozinho devia-se à 'construção' de uma preciosa amizade. No caso do Benfica, podemos dizer que esse amigo se chamou Al-Musrati; pouco após o golo e o líbio pediu amarelo para Carreras, mas acabou por ser ele a vê-lo e acabar expulso.

Qualquer esboço de reação que estivesse a ser desenhado na cabeça de Adi Hutter caía por terra. A partir daqui os encarnados souberam ter memória e lembrar do que acontecera no jogo de novembro onde, mesmo em vantagem numérica, perderam o controlo do jogo.

Desta feita a equipa portuguesa não deu qualquer tipo de hipótese para que os monegascos voltassem a acreditar e assumiu em definitivo o controlo do jogo.

Com esse controlo veio também um forte caudal ofensivo, que apenas falhou na hora de finalizar. Pavlidis, Schjelderup, Aktürkoğlu, Amdouni, Aursnes...não é a constituição do Benfica, mas sim aqueles que falharam oportunidades de aumentar a vantagem no marcador.

Se em novembro soube a tanto, com uma épica reviravolta, agora pode-se dizer que, de facto, soube a pouco, tal foram as oportunidades de que o Benfica dispôs. Todavia, o mais importante foi alcançado e os encarnados chegam à Luz em vantagem.

E que a Luz deixe esse brilhozinho nos olhos benfiquistas cada vez mais intenso, e rumo aos oitavos de final da Liga dos Campeões.

O momento: Da Grécia, arte clássica

Pouco passava do início da segunda parte quando o Benfica desenhou a jogada de ataque mais simples e que, por isso, acabou por se revelar a mais eficaz. Três minutos de jogo e Tomás Araújo lançou Pavlidis em profundidade; o grego ganhou no duelo com Salisu e, de ângulo apertado, picou sobre Majecki para um golo de grande classe.

O melhor: Pavlidis mantém a veia viva

A primeira parte não deu grandes hipóteses a qualquer um dos ataques de conseguirem desenhar jogadas de perigo com muita frequência. Logicamente que, perante esta situação, Pavlidis não teve o arranque de jogo que certamente pretendia. Contudo, o grego começou a soltar-se nos minutos finais do primeiro tempo, tendo dos seus pés saído uma boa abertura que Carreras desperdiçou.

Na segunda parte o avançado dos encarnados conseguiu ter espaço para fazer o que sabe melhor: ganhar no duelo físico e finalizar, marcando um belo golo aos 48 minutos, registando assim o seu quarto jogo seguido a marcar.

Para além do golo, o grego continuou sempre a lutar e a procurar apoios com os colegas de equipa, por forma a abrir espaços na defesa monegasca. Acabou por sair aos 78 minutos, certamente com o sentimento de dever cumprido.

O pior: Cuidado com o que desejas

Cerca de um ano após ter saído do SC Braga, Al-Musrati voltou a encontrar uma equipa portuguesa. O médio líbio, emprestado pelo Besiktas ao AS Monaco reencontrava um adversário bem conhecido, e do qual até tinha boas memórias.

Contudo, acabou por não passar daí. Apesar de demonstrar a sua habitual disponibilidade física e agressividade nos duelos a meio-campo, Al-Musrati acabou por deitar tudo a perder para a sua equipa. Poucos minutos depois do golo sofrido, o líbio pediu amarelo para Carreras...e acabou por ser ele a vê-lo e a acabar expulso.

O médio não foi o mais desinspirado na equipa monegasca, mas esta sua atitude acabou por desmoronar qualquer tipo de reação por parte da formação gaulesa.

O que disseram os treinadores

Bruno Lage, treinador do Benfica