Martín Anselmi já foi apresentado pelo presidente do FC Porto e falou pela primeira vez enquanto treinador dos dragões. O argentino esteve ao lado de André Villas-Boas e dirigiu-se aos adeptos portistas.
"Bom dia a todos, muito obrigado ao presidente pelas palavras, ao Jorge Costa, ao Zubizarreta, por confiarem em nós. Por nos darem esta enorme responsabilidade e este grande prestígio, de defender estas cores. Quero também deixar uma palavra aos adeptos, que ontem no estádio me fizeram sentir carinho, apoio. Prometer-lhes que, a partir de agora, vamos começar a construir uma equipa que represente e que se identifique com todos os portistas", começou por dizer.
FOTOS: O primeiro dia de Martín Anselmi no FC Porto
De seguida, o técnico abordou a saída do Cruz Azul e esclareceu a polémica em torno da saída do clube mexicano.
"É difícil começar uma nova etapa sem antes terminar a anterior. Apesar de ter sido treinador do Cruz Azul, continuo a ser adepto do clube, e gostaria de aproveitar para dedicar umas palavras a eles, acho que merecem isso. Nunca falei em público, e gostaria de o fazer agora. Queria que a mensagem fosse ouvida. Vocês conhecem a relação e união que construímos ao longo deste tempo. É algo que ficará comigo para sempre e algo que foi maravilhoso. Sabem que sempre, em tudo o que vivemos, fui honesto. Sempre disse a verdade e falei com o coração. Tanto a minha equipa técnica como eu demos tudo pela equipa até ao último dia. Nada do que se disse nestes dias reflete a verdade. Não comprem o que estão a vender. Conhecem tudo melhor do que eu. Tomei uma decisão, a que considerei ser a melhor para mim. E assumo-a. Mas digo com total transparência.
Prometeram-me que me deixariam sair, aceitaram uma proposta do FC Porto. Ainda assim, quando tudo estava pronto, mudaram as regras do jogo. Difamaram-me através dos meios de comunicação. Convoquei uma conferência de imprensa para falar com os adeptos, não me foi permitido pela direção. A minha família teve de sair do México de maneira repentina. O México é um país maravilhoso, no qual nos sentimos parte. Abraçámos a cultura", prosseguiu.
"Obrigado aos treinadores rivais, por me terem feito ser melhor. E aos meus jogadores, o seu compromisso. Conseguiram que um gigante futebolístico mundial, como o FC Porto, nos quisesse para começar um projeto que nos entusiasma. Sabem que estarão sempre no meu coração. Dou por finalizado o tema do Cruz Azul", concluiu, agradecendo.
Após as primeiras declarações, Anselmi respondeu às questões da comunicação social presente no Museu FC Porto.
Expectativas e primeiro dia no clube: "Ainda não consigo falar português, mas no futuro vou tentar... As sensações são enormes. Muita felicidade. Aqui respira-se algo com o qual sonhei toda a minha vida. Paixão, cultura pelo trabalho, exigência, a necessidade que a equipa transmita luta. As pessoas do FC Porto, os títulos, são muito importantes. Creio que se respira isto em tudo o que está aqui. E identifico-me totalmente nesta cultura de trabalho. Passaram muitos jogadores pelo FC Porto. Belluschi... Como disse o presidente, sentir e entender o que se vive no estádio... Queremos e estamos convencidos de que vamos construir uma equipa competitiva. Esse é o nosso primeiro objetivo".
Modelo de jogo com 3 centrais: "Antes dos números e dos sistemas, queremos um futebol posicional, um futebol de ataque. Na parte ofensiva teremos um sistema que vai depender do rival. Para defender é um sistema, para perceber como saltamos, como corremos. E flexibilidade. O rival diz como vamos atacar. Não quero deixar algo fechado, vamos transformar-nos e construirmo-nos constantemente. O futebol evolui, os rivais melhoram, queremos aproveitar as debilidades deles."
Diagnóstico à equipa: "Creio que nesse sentido quero ser prudente. Um jogador tem de estar capacitado para jogar no FC Porto. A partir do nosso contexto vamos entender melhor. Sabemos que os jogadores são bons, estão capacitados e dar ferramentas para que também sejamos melhores treinadores. Dar diagnósticos do plantel seria imprudente. Gosto de trabalhar individualmente com os jogadores. Acabei de conhecer o museu: há que pedir ao treinador para construir mais uma vitrina (sorriso)"
Risco de começo a meio da época : "Evidentemente que com a temporada a decorrer nao é o melhor contexto. Mas creio que nos toca trabalhar, e começar, primeiro, a construir essa equipa competitiva. Primeiro treino. Hoje há recuperação, amanhã meia recuperação e depois preparar o jogo de quinta. Há viagem pelo meio, é um jogo decisivo, vamos tentar transmitir aos jogadores em tão pouco tempo."
Jogo de quinta-feira na Liga Europa: "Com a minha equipa técnica, trabalhámos na análise do plantel. Temos vontade de ir descobrindo no treino. Implementar a nossa ideia futebolística e os jogadores têm de compreender, querer incorporá-la e explicar porquê a cada treino. Gosto que os jogadores opinem, apontem soluções. Não gosto de trabalhar individualmente com os jogadores. Tendo em conta este contexto, temos pouco tempo e queremos melhorar. Temos bons jogadores, capacitados para jogar no FC Porto queremos começar a conhecê-los melhor."
Quanto tempo demorou até aceitar a proposta: "Quanto foi? Umas horas? [Pergunta a Villas-Boas]. Sabemos da exigência, do que significa o FC Porto. Sabemos os objetivos do FC Porto, lutar para estar sempre lá em cima. Somos treinadores que trabalham, como qualquer um de vós. Não é de um dia para o outro que se vê esse trabalho, leva tempo. Mas temos de ter como certeza que precisamos de ser melhores do que ontem. Todos os dias. É uma luta para sermos melhores. E precisamos de perceber e ter a humildade de perceber em que aspetos estamos a falhar, para podermos melhorar. Somos muito exigentes connosco e com os que nos rodeiam. Quando vemos que essas melhorias vão aparecendo, ficamos convencidos de que vamos chegar onde todos os portistas querem".
Razões para aceitar o desafio: "Sei o que significa o FC Porto. É bom que a nossa primeira experiência na Europa seja num clube tão grande. A convicção que o presidente mostrou... Senti que, se não aceitasse este convite, não ficaria bem comigo. Ficaria com essa sensação. Claro que há história, títulos, mas também há as pessoas, Portugal. Toda a gente que trabalha no FC Porto é incrível. Ajudaram-nos em tudo e ainda mais. Acredito que essa essência que se respira em cada pessoa que está neste clube, na cultura do trabalho, esta paixão... Foi isso que me fez apaixonar pelo clube".
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