Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, voltou a abordar o clima de tensão que tem existido nos últimos dias no futebol português, considerando que há muita "hipocrisia" no discurso de muitas pessoas ligadas à modalidade.

“Há muita hipocrisia, é fácil fazer um discurso de Miss Mundo, de querer que acabe a guerra e demos todos as mãos e sejamos todos amigos. O futebol é um mundo de paixões, temos de saber separar criminosos de adeptos. Fizemos reuniões constantes com a polícia, com os próprios grupos organizados, temos várias campanhas a decorrer contra a pirotecnia, um trabalho muito preventivo, fizemo-lo neste último dérbi. O jogo em si, depois de um acontecimento trágico, não correu bem em termos de resultado, mas os adeptos do Sporting estavam em estado de choque e tiveram um comportamento exemplar”, começou por dizer, esta quinta-feira, o presidente dos Leões, no Congresso "The Future of Football".

“Aqueles piropos entre presidentes, um a dizer que o outro é aldrabão, isso faz parte do mundo do futebol, o que não faz parte é atravessarmos certas linhas. Um adepto não cria ódio porque um presidente diz isto ou aquilo. O facto de um presidente ter uma intervenção mais acesa até pode fazer com que se acalmem, porque estão a ser defendidos por alguém superior. Não podemos cruzar a linha de haver mortes, isso não faz sentido nenhum. O Sporting sabe o que é ter adeptos assassinados e essa linha não deve ser cruzada e aí nós dirigentes temos uma palavra a dizer. Não posso admitir que não se perceba a gravidade de estar num recinto desportivo e haver uma tarja a ridicularizar a morte de um adepto”, acrescentou.

“Ninguém imagina o que foi este dérbi fora das quatro linhas, o trabalho de bastidores que foi feito para que o espectáculo decorresse daquela forma, o sentimento de revolta que havia nos adeptos, o trabalho que houve para que não houvesse confrontos, cânticos, violência. Tudo isto para depois termos os adeptos da equipa adversária a mandar cadeiras. O importante é não apoiar claques ilegais ou enviar petardos e chamar a isto folclore”, rematou.