Bruno Lage está a dar os primeiros passos na segunda passagem pelo Benfica e pode certamente ter um melhor arranque do no primeiro período ao serviço dos encarnados. O sadino foi aposta de Rui Costa para dar a volta a um momento conturbado e para sanar o divórcio entre Roger Schmidt e os benfiquistas, algo que parece estar a conseguir, pelo menos à primeira vista.

Passagem feliz, rapidamente virou tristeza

A primeira aventura de Lage no Benfica começou a 6 de janeiro de 2019, quando o treinador substituiu Rui Vitória, que já estava a cair no desagrado da massa adepta, após um empate como Desportivo das Aves e uma derrota frente ao Portimonense.

A equipa parecia arredada da luta pelo título e sem remédio possível, quando chegou o salvador vindo da equipa B e conseguiu vencer logo no primeiro jogo. O adversário foi o Rio Ave (4-2) e foi a primeira vítima do "nascimento" de João Félix como grande destaque da equipa, tendo marcado dois golos, com Seferovic a repetir a receita.

Primeiro onze de Bruno Lage: Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo; Fejsa, Pizzi, Cervi e Salvio; João Félix e Seferovic.

Esta fase de lua-de-mel durou os primeiros quatro jogos (onde se seguiram triunfos frente a Rio Ave, Santa Clara e Vitória de Guimarães, na Liga e Taça), tendo sido quebrada na derrota com o FC Porto (1-3), em encontro das meias-finais da Taça da Liga.

Ainda assim, no campeonato o Benfica seguiu de vento em popa e terminou campeão, apesar de ter sido eliminado pelo Frankfurt nos quartos de final da Liga Europa pelo caminho e de ter ficado também pelas meias-finais da Taça de Portugal.

Na época seguinte aconteceu o oposto e Bruno Lage caiu após uma sequência péssima no final da temporada, onde em 13 jogos perdeu 5, empatou 6 e só ganhou 2, sendo o último deste lote uma derrota contra o Marítimo (2-0), que condenou o técnico português. Acabou substituído por Nélson Veríssimo, mas o Benfica não evitou o segundo lugar e o FC Porto foi campeão.

Segunda vinda com nova energia

Desta vez, e com mais experiências acumuladas ao serviço de clubes como Wolverhampton e Botafogo, Bruno Lage surgiu outra vez como solução para salvar as águias numa fase em que ainda há muito campeonato para se jogar. O treinador foi o escolhido para substituir o mal-amado Roger Schmidt (sempre sisudo e com pouca paciência para os maus comportamentos dos adeptos) e trouxe uma nova estratégia.

Logo na primeira conferência de imprensa, o tema central foi recuperar a ligação com os adeptos e foi uma das bandeiras anunciadas para o seu reinado. Provou estar mais leve do que anteriormente, recuperando as alusões ao Canal Panda e fazendo questão de cumprimentar os jornalistas, um a um, numa tentativa de recomeçar com o pé direito.

Em campo, não quis promover grandes alterações logo de início e teve no primeiro jogo uma reedição de um dos últimos desafios da primeira passagem, após algumas sessões de treino onde a intensidade foi marca dominante. Recebeu e bateu o Santa Clara de forma categórica (4-1), sem querer inventar muito de início, recuperando alguma da alma que parecia perdida e diminuindo os efeitos do recente divórcio que deixou a casa em sobressalto.

Primeiro onze de Bruno Lage nesta segunda passagem: Trubin; Alexander Bah, António Silva, Otamendi e Carreras; Florentino, Kokçu e Rollheiser; Di María, Akturkoglu e Pavlidis.

A equipa vinha das primeiras quatro jornadas do campeonato sem mostrar um nível adequado, que levou á derrota em Famalicão e ao empate letal em Moreira de Cónegos. Já nos jogos com Estrela da Amadora e Casa Pia, as vitórias não foram suficientes para diminuir a mágoa pelo mau momento.

Lage seguiu com triunfos frente ao Estrela Vermelha (2-1) para a Liga dos Campeões e Boavista (3-0) na I Liga e os ânimos parecem estar mais tranquilizados. Agora, segue-se o Gil Vicente (sábado, às 20:30), onde pode igualar o primeiro arranque em caso de vitória e chegar à quarta consecutiva.

A equipa está mais "soltinha", a jogar um melhor futebol e parece que Bruno Lage era a pílula de tranquilidade que a equipa parecia para retificar o que de mal foi feito no ano passado e lutar pela reconquista do campeonato em 2024/25.