Há jogos assim. Frente ao Rio Ave, 16.º classificado da I Liga, o FC Porto foi melhor. Muito melhor. Mas, porque há sempre um mas, não teve arte e engenho para marcar.
Com este resultado, os dragões podem voltar a atrasar-se (ainda mais) na luta pela liderança. Sporting e Benfica ainda não jogaram, mas são mais dois pontos que os azuis e brancos desperdiçam na maratona para reconquistar o título de campeão nacional. Quanto ao Rio Ave, uma palavra para a enorme réplica de resistência para segurar um empate que pode ajudar, e muito, a sair da frágil posição que ocupa na tabela.
1.ª parte: VAR, VAR e VAR
Em equipa que ganha, não se mexe. Diz o ditado, e alguma razão terá, e talvez por isso Sérgio Conceição tenha decidido manter as tropas depois de sair do Algarve com um triunfo por 3-1 diante do Farense. O onze, sem mexidas. No banco, Otávio. Foi chegar, treinar e ser convocado.
Depois de alguma incerteza sobre a realização do jogo - o Famalicão-Sporting foi suspenso por falta de polícias - o FC Porto-Rio lá arrancou, e a todo o gás.
Só nos primeiros 15 minutos, pasme-se: uma grande penalidade marcada a favor do FC Porto, mas depois anulada pelo VAR. Um golo de Galeno, mas anulado por fora-de-jogo (4 cm). Um lance de enorme perigo na baliza de Diogo Costa após um remate de João Teixeira, que rasou o poste. E, por fim (dos 15 minutos), um lance de potencial penálti sobre Boateng, mas um fora-de-jogo do tamanho da torre dos clérigos nem sequer levantou discussões. O guarda-redes dos dragões acabou queixoso na sequência do contacto com o avançado dos vilacondenses, mas foi só um susto.
E por falar em susto, nem três minutos depois, foi por pouco, muito pouco, que Evanilson - quem mais - fazia o primeiro. Valeu Aderlan Santos com um desvio sagrado.
Perante um Dragão bem composto - perdoem-me a expressão cliché, mas é de facto a que se ajusta melhor ao cenário - sentia-se nas bancadas a urgência do golo. Ninguém, dos 39 mil espectadores, passou ao lado da semana quente em torno do universo portista e marcar primeiro era, mais do que nunca, fulcral. Mas primeiro ou não, para o apoiante azul e branco, importante mesmo era marcar.
Quanto ao Rio Ave, assumia-se com vontade de jogar e sem nunca se encolher, apesar dos primeiros minutos de maior sofrimento.
O jogo estava nervoso, os assobios vindos das bancadas a cada decisão do árbitro não deixavam ninguém relaxar. Nem na assistência, nem no relvado - com o FC Porto a dominar, a ter mais bola, mas ainda sem o golo.
A maior ameaça (que não seria legal, novamente) chegaria já perto da meia-hora. Primeiro Evanilson, isolado, a rematar para a mancha de Jonathan, depois Francisco Conceição a acertar na barra. No final, a bandeirola levantou - estava fora-de-jogo.
Os dragões carregavam, aumentavam a pressão e sentia-se que não demoraria muito a chegar o golo dos azuis e brancos. Sentia-se, mas não chegava. Ou porque a bola era cortada, ou porque estava fora-de-jogo, ou porque Jhonatan Luis não deixava.
Galeno, minutos depois, voltava a ameaçar com um cruzamento venenoso, cortou Josué. Logo de seguida, do outro lado, Chico Conceição rematava para nova defesa, apertada, do guardião rioavista.
Os portistas mantinham-se por cima, dominadores, e voltariam a marcar, mas novamente na sequência de um fora-de-jogo. Aos 40 minutos, Evanilson encosta para dentro da baliza rioavista, mas o lance é invalidado por posição irregular de Wendel no momento do passe.
2.ª parte: Atacar, atacar, atacar... sem marcar
A segunda parte arrancou com a entoada da primeira. Mais FC Porto, sempre na área adversária (14 cantos por esta altura), muita pressão, enorme vontade, mas pouco discernimento. Não se pode dizer que os dragões atacassem mal - aliás, faziam-no com enorme variabilidade de jogo - mas há que dar mérito à organização defensiva da equipa de Luís Freire.
Nos primeiros minutos, os protagonistas mantinham-se: Evanilson, Pepê e Francisco Conceição eram os mais irrequietos na formação azul e branca.
No Rio Ave, e já com amarelo, Miguel Nóbrega - que sofreu e muito com Francisco Conceição - dava lugar a Patrick William.
A bola não saía da área do Rio Ave, ora pela esquerda, ora pela direita, também pelo meio, mas faltava o golo. Nas bancadas, aumentavam os nervos. Aplausos, também, quando Sérgio Conceição mandou aquecer a brigada atacante azul e branca. Gonçalo Borges, Toni Martínez, Gonçalo Borges e Danny Namaso aqueciam os motores.
Aos 65 minutos, e na sequência de uma falta sofrida por Pepê à entrada área, a bola adormeceu na barreira. Nesta fase, o ímpeto dos dragões parecia desvanecer-se e Sérgio Conceição percebeu-o.
Aos 70 minutos, o técnico portista lançava Iván Jaime e Toni Martínez. Saíram Galeno e Nico Martínez. Antes, no Rio Ave, Úmaro Embaló entrava para o lugar de João Teixeira e estreava-se com a camisola dos vilacondenses.
Com 30 minutos na segunda parte, e ao contrário do primeiro tempo, era difícil identificar uma oportunidade clara de golo. 36 ataques, 18 remates e o FC Porto continuava sem abrir o marcador apesar da absoluta autoridade com um volume ofensivo tremendo.
Até aos 90 minutos, nenhuma oportunidade digna de registo. O jogo aquecia, sobretudo por questões de arbitragem, e nos bancos ninguém se sentava. O árbitro dava 7 minutos de compensação e na sequência de uma falta de Boateng sobre Gonçalo Borges, António Nobre expulsava o avançado ganês do Rio Ave.
Logo de seguida, Alan Varela colocava Jhonatan em sentido, mas o guardião voltou a responder com firmeza. Os azuis e brancos acreditavam e nas bancadas ninguém parava de apoiar. Por esta altura, 21 cantos contra 0 do Rio Ave. Mas ninguém ganha jogos com cantos, importa lembrar.
Acabamos com o ditado, tal como começámos - mas agora para o contrariar. Diz-se que não há fome que não dê em fartura, mas nesta caso não podemos confirmar, muito pelo contrário. Afinal, no Dragão, a fome não deu em fartura.
O jogo terminou mesmo sem golos e os portistas podem ver, novamente, os principais rivais fugirem (ainda mais) na classificação. E agora, FC Porto?
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