A noite de consagração do FC Porto não teve adeptos nas bancadas, mas houve direito a guarda de honra ao novo campeão nacional, muitos sorrisos e golos de antologia, numa cerimónia bem diferente dos anos anteriores em virtude da pandemia da COVID-19.
No último jogo da época no Dragão (último da carreira de Carlos Xistra, que acabou a partida em lágrimas), a equipa de Sérgio Conceição marcou cedo, viu o Moreirense chegar ao empate, mas arrancou depois para uma segunda parte de encher o olho, com golos para todos os gostos e feitios, e mais uma estreia promovida pelo técnico 'azul e branco' - do guarda-redes Mouhamed Mbaye. Só faltaram mesmo as palmas do lado de fora.
Sérgio Conceição operou três mudanças no onze, relativamente à equipa que bateu o Sporting (2-0) no jogo que garantiu o título: Diogo Costa entrou para o lugar de Marchesín na baliza, Diogo Leite rendeu Pepe (castigado) no centro da defesa e Corona regressou após cumprir castigo. Do lado do Moreirense, Ricardo Soares fez uma autêntica revolução no onze, com apenas dois homens (João Aurélio e Halliche) a repetirem a titularidade da partida frente ao Paços de Ferreira.
Não foi preciso esperar muito para se festejar no Dragão, com o FC Porto a fazer o golo mais rápido da presente temporada. Aos quatro minutos, Alex Telles (quem mais?) cruzou para o coração da área onde estava Luis Díaz, sem oposição, que cabeceou para o fundo das redes.
O golo portista abriu o jogo e 'soltou' o Moreirense, que aos 20 minutos chegou ao empate com Abdu Conté a tirar um grande cruzamento na esquerda, Fábio Abreu a fugir a Diogo Leite e a cabecear colocado para o 1-1.
O FC Porto estava a ceder demasiados espaços na direita e Sérgio Conceição não quis esperar pelo intervalo: tirou Fábio Vieira da partida e lançou Matheus Uribe, que se juntou a Danilo no centro do terreno, dando mais mobilidade a Otávio. Com efeito, o brasileiro esteve no último lance de perigo antes do intervalo ao picar a bola para a área, com Marega a ganhar posição mas a rematar por cima da baliza de Pasinato.
A segunda parte arrancou com a mesma vertigem da primeira, mas mais eficácia por parte dos campeões nacionais. Aos 51' Corona lançou a velocidade de Marega, o maliano cruzou rasteiro para a área e Otávio, numa jogada de insistência, devolveu a vantagem aos 'azuis e brancos'. Apenas três minutos depois, Luis Díaz fintou Mateus Pasinato e caiu na área, com Alex Telles a transformar o castigo máximo no 3-1. E os 'dragões' passaram a dispor de uma vantagem mais confortável.
E Marega, que tardava em afinar a pontaria, acabou por marcar um dos melhores golos da noite na cobrança exemplar de um livre direto (61'), muito bem marcado, com a bola a entrar junto ao ângulo da baliza dos cónegos.
O maliano saiu para dar lugar a Tiquinho Soares, que acrescentou mais dois golos à sua conta pessoal. O primeiro (78') nasceu de uma grande jogada coletiva da equipa portista, com Luis Díaz a meter de calcanhar para Otávio, e este a servir o ponta de lança, que só teve de encostar para o fundo da baliza deserta. Aos 88', uma nova combinação entre os mesmos protagonistas terminou com o 'bis' de Tiquinho.
O FC Porto alcançou assim a vitória mais volumosa da época depois dos 5-0 ao Belenenses SAD e ao Coimbrões (Taça de Portugal), a melhor forma possível de concluir em 'casa' uma época, no mínimo, atípica.
O momento
Golo de livre de Marega: Pela improbabilidade do protagonista e pela execução exemplar do livre direto, o golaço de Marega não podia deixar de estar aqui. O remate do maliano, que procurava incessantemente entrar para a lista dos marcadores da partida, desenhou um arco perfeito para fora do alcance de Mateus Pasinato, que limitou-se a olhar.
A figura
Luis Díaz: Assinou o golo mais madrugador da época para os portistas (14.º a título pessoal), conquistou o penálti convertido por Alex Telles e participou nas duas jogadas coletivas que culminaram no 'bis' de Soares, com destaque para o excelente entendimento com Otávio, outro dos destaques da partida.
Reações
Sérgio Conceição: "O bom espírito que existe neste momento ajudou a chegar a estes números"
Ricardo Soares: "Demos uma pálida imagem nos quarenta minutos finais"
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