"O momento é claramente de crise e é óbvio que as pessoas ligadas ao futebol, como os portugueses em geral, vão sentir as medidas adoptadas para inverter a situação", disse à Agência Lusa Artur Fernandes.

Para o empresário "o combate à crise é um desígnio nacional" e as medidas anunciadas - nomeadamente o aumento do IVA e IRS - "vão exigir que cada um, de uma forma ou de outra, vá ter que pagar alguma coisa".

"Vai ser mais um esforço pedido à população, entre os quais se incluem os jogadores, empresários, treinadores e dirigentes", disse Artur Fernandes, empresário de futebol e mentor da criação da ANAF.

O presidente da ANAF considera que todos os agentes ligados ao futebol "vão ser penalizados pelo aumento do IVA, uma medida que tem que ser encarada como forma de fortalecer o espírito nacional".

Artur Fernandes considera que as medidas adoptadas contra a crise não vão retirar competitividade ao futebol português, embora admita que os futebolistas e os clubes irão sentir os seus reflexos.

"Todos os governos adoptaram medidas mais ou menos idênticas na tributação aos profissionais de futebol, tendo a preocupação de as equilibrar de forma coerente, entre os 35 e os 44 por cento", disse.

Para Artur Fernandes, a falta de competitividade do futebol luso está ligada a outras questões, como a fraca capacidade de investimento e o incentivo às empresas para investir no nosso mercado.

O presidente da ANAF recorda, no entanto, que a tributação no futebol "é injusta e devia ser revista", pois, comparativamente com outras actividades, "é uma profissão de curta duração e de desgaste rápido".

O Governo anunciou hoje um conjunto de medidas de austeridade para acelerar a redução do défice em 7,3 por cento em 2010 e 4,6 por cento em 2011 de forma a responder à pressão dos mercados internacionais.

Entre as medidas, negociadas com o PSD, estão o aumento do IVA em 1 ponto percentual nos três escalões, a criação de uma taxa extraordinária sobre as empresas com um lucro tributável acima de dois milhões de euros de 2,5 por cento, a redução de cinco por cento nos salários dos políticos, gestores públicos e membros das entidades reguladoras, e uma taxa extraordinária de um por cento para quem receba até cinco salários mínimos (2.375 euros por mês) ou de 1,5 por cento para quem receba acima desse valor.