O velejador João Rodrigues assumiu, em entrevista à agência Lusa, que se vai dar ao luxo de não pensar nos resultados no Rio2016, naquela que será a sua sétima e última participação em Jogos Olímpicos.

À partida para este ciclo olímpico, o objetivo de João Rodrigues, que será o porta-estandarte português na cerimónia de abertura, era garantir a qualificação em RS:X (prancha à vela) para o Rio de Janeiro, algo que conseguiu ‘in extremis’, pelo que parte sem metas de resultados.

“Estou realmente focado no que vou lá fazer, que são boas regatas, queria fazer boas largadas, analisar bem o campo de regatas, adaptar-me bem às condições, lidar com tudo o que tem a ver com os Jogos Olímpicos. Tenho a certeza que tudo o que vier vai ser bom. Não sei em que é que isso se vai concretizar em termos de resultados. Mas não tenho quaisquer expetativas. São os meus derradeiros Jogos e vou-me dar ao luxo de não pensar nisso”, afirmou.

Acreditando que pode fazer “coisas bonitas” no Rio2016, João Rodrigues assume que, “do ponto de vista estatístico, a probabilidade de vencer uma medalha no Rio de Janeiro deve ser perto de zero”, acreditando que “há mais vida além das medalhas”.

“É verdade que deve ser o único resultado que falta na minha carreira, mas eu aprendi a viver com isso, quem sabe se o meu papel não era ganhar uma medalha, mas ir a sete Jogos Olímpicos e continuar a ter gosto por ir aos Jogos Olímpicos, mesmo sem essa perspetiva de ir aos Jogos para ganhar medalhas”, afirmou.

João Rodrigues reconhece que levou “algum tempo para perceber que nos Jogos também havia espaço” para alguém como ele, “alguém que vai simplesmente participar, para quem as hipóteses de ter um resultado dentro do pódio são muito remotas”.

“Hoje vivo bem com isso, mas custou-me muito no passado, porque fui muitas vezes como favorito aos Jogos Olímpicos, mas nunca aconteceu. Se bem que saí dos Jogos de Atenas com clara noção de que também podia fazer bons resultados também em Jogos Olímpicos, mas isso não se traduziu numa medalha, paciência”, referiu.

João Rodrigues assumiu que esta qualificação foi “a mais saborosa”, por, tal como a primeira, para Barcelona, ter sido conseguida no limite, reconhecendo que estar nos Jogos de 2016 “tem um sabor muito especial, por serem os sétimos e por ser no Rio de Janeiro, num país que português”.

“Acho que vai ser absolutamente mágico lá poder estar”, assumiu o madeirense, que tenta não pensar muito no facto de integrar um lote de pouco mais de uma dezena de atletas com sete presenças consecutivas em Jogos em todo o mundo, pois são reflexões que “acontecem muitas vezes após tudo isto acabar”.

Questionado sobre os segredos para a sua longevidade, o madeirense apontou para a “paixão à primeira vista” com a prancha à vela, o que o levou “a criar um estilo de vida” que ajudasse a melhorar o seu desempenho. “Tive a sorte de, ao longo destes anos, nunca me lesionar gravemente. Devo ter o ADN bastante saudável, porque de facto ainda consigo ter algum rendimento nesta altura, mas acima de tudo foi o gosto por esta modalidade que me levou a aguentar tanto tempo”, garantiu.