Durante três dias, o país reúne, a partir de quinta-feira, a "nata" do andebol feminino africano com o propósito único de "lutar" por um lugar nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro (Brasil), numa altura em que acentua a renovação no seio das anfitriãs.

Quatro selecções de referência, de diferentes zonas do continente, terão a difícil e “inevitável” tarefa de rivalizar, no pavilhão principal da Cidadela, em Luanda, procurando materializar o objectivo que as coloca nessa condição, no segundo torneio pré-olímpico que Angola alberga no seu historial.

Os conjuntos nacionais de Angola e RD Congo (África subsaariana), do Senegal (Oeste africano) e da Tunísia (Norte de África) certamente estão cientes das responsabilidades que pesam sobre si e das dificuldades a encontrar, pelo que terão de se empenhar para, em apenas três jogos, garantirem presença na maior festa desportiva do mundo em 2016.

Se por um lado a realização do pré-olímpico em solo nacional serve de regozijo e “luz no fundo do túnel”, visando o apuramento, por outro pode-se considerar motivo de profunda reflexão sobre aquilo que será o desfecho da equipa angolana, cujo processo de renovação em curso “impõe” ao grupo a necessidade de maior qualidade, acutilância e entrosamento entre veterania/juventude na prossecução dos objectivos.

A situação da selecção nacional, que também apresenta novo técnico, afigura-se mais premente em relação às últimas olimpíadas, pois em períodos mais recentes o apuramento ocorreu, diga-se, sem grande margem de erro, face ao acentuado domínio na época.

Experiência, determinação, inteligência e perspicácia podem constituir-se factores chave a serem aliadas à capacidade técnica das atletas das quatro nações, em tão curto período de adversidade entre ambas (de 19 a 21), numa prova em que apenas a vitória interessa.

Neste ínterim, Luísa Kiala, Azenaide Carlos, Natália Bernardo e Maria Pedro, das mais habituadas a desafios do género, têm responsabilidades acrescidas no grupo as ordens de João Florêncio, pois os adeptos terão os olhos postos sobre si, na perspectiva de darem continuidade às presenças regulares do país em olimpíadas, o que a modalidade habituou já os seus aficionados.

O desafio é tão patente, que nem o domínio de Angola no ranking continental (11 troféus) e o estatuto de campeã africana em título da Tunísia (três troféus) lhes permite descurar a presença das teoricamente “menos capazes” senegalesas e congolesas democráticas, que não têm nas suas galerias qualquer taça.

No entanto, a árdua missão angolana não se resumirá às jogadoras acima citadas, pois a sua selecção tem atletas, algumas em afirmação e outras ainda promissoras, que despontam no campeonato nacional, e não só, como Teresa Almeida, Elizabeth Cailo, Wuta Dombaxi, Marta dos Santos, Matilde André e Rossana Quitongo e podem ter algo para enriquecer na materialização do projecto “Rio-2016”.

Até ao dia 21 deste mês, o andebol africano vai dominar o dia-a-dia dos luandenses e visitantes. A estreia das anfitriãs no torneio acontece diante do Senegal, dia 19, seguindo-se a RD Congo (dia 20) e por último a Tunísia.

Angola albergou o primeiro pré-olímpico de andebol em 2003, tendo a sua selecção conseguido o apuramento aos Jogos Olímpicos de Atenas2004, na Grécia.