O conselheiro científico da Agência Francesa de Luta contra o Doping (AFLD) disse que Lance Armstrong, erradicado do ciclismo e desapossado das suas sete vitórias no Tour na pela Agência Antidopagem Norte-americana (USADA), era «avisado antes de todos os controlos».
«Os técnicos tiveram dificuldades em efetuar controlos inopinados sem que Lance Armstrong beneficiasse de um atraso de 20 minutos», disse Michel Rieu numa entrevista ao jornal francês Le Monde.
«Ele era avisado de todos os controlos. Em 20 minutos, muitas manipulações são possíveis. Ele fazia injeções de soro fisiológico para diluir o seu sangue. Ele substituía a sua urina, por uma urina artificial. Ele administrava EPO em pequenas doses. A substância era indetetável. Sem informações da polícia ou das autoridades aduaneiras, era impossível combater este método», afirmou.
A USADA, recorrendo alegadamente a «mais de uma dezena» de testemunhas e a «dados científicos», acusa Armstrong de ter recorrido sistematicamente ao doping, nomeadamente na época das suas sete vitórias na Volta a França, de 1999 a 2005, algo negado pelo norte-americano, que lembra nunca ter tido um controlo positivo apenas das centenas a que foi submetido durante a carreira.
Para ser informado a chegada das brigadas antidoping, Armstrong teria muitas ajudas, afirma Rieu.
«Esses apoios vinham da UCI (União Ciclista Internacional) do Comité Olímpico Internacional. Além disso, Lance Armstrong rodeou-se de fisiologistas científicos, dos quais alguns foram descartados depois», acusou Rieu, acrescentando que o americanno «tinha meios consideráveis para se proteger e colocar em prática uma logística».
O responsável afirmou que «havia o rumor de que ele fez transportar sangue vindo dos Estados Unidos no seu avião privado».
Rieu garante que a influência de Armstrong era tanta que conseguiu forçar a saída do antigo presidente da AFLD, Pierre Bordry, que se demitiu em setembro de 2010, a nove meses do fim do mandato.
«Em outubro de 2009, Armstrong é convidado para um almoço no Eliseu. Antes desta visita, sabia-se que ele desejava conseguir a saída do presidente da AFLD, PIerre Bordry. O qual se demitiu um ano mais tarde. Em março de 2010, Armstrong ofereceu uma bicicleta ao chefe de Estado, que na época era Nicolas Sarkozy», declarou.
«Alguns meses mais tarde, o presidente da República foi a uma etapa do Tour e elegeu Lance Armstrong como modelo para a juventude. Foi abusivo», afirmou.
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