Gustavo Veloso está convicto de que, em agosto, irá conquistar o ‘tri’ na Volta a Portugal em bicicleta, mas alerta os adeptos do FC Porto de que para vestir a mais apetecida das amarelas não poderá exibir-se ao máximo nas restantes provas.
O bicampeão da prova rainha do calendário nacional não é de falsas modéstias. A confiança evidente que tem nas suas capacidades será, porventura, uma das grandes armas do líder do W52-FC Porto-Porto Canal no assalto à Volta a Portugal, preparado meticulosa e afincadamente desde meados de outubro, e nem o aparecimento de um adversário sonante, o italiano Rinaldo Nocentini (Sporting-Tavira), o assusta.
“Todas as equipas deverão ter um ou dois ciclistas na frente. Todas. Acontece todos os anos. Nocentini é um grande ciclista, vai estar numa equipa que terá como objetivo a Volta a Portugal. Quem vai marcar as diferenças e colocar cada um no seu lugar é a estrada. Confio plenamente nas minhas potencialidades, sei que tenho de fazer o meu melhor para chegar lá no máximo da minha capacidade e sei que, se chegar assim, tenho muitas possibilidades de ganhar outra vez”, disse, à agência Lusa.
Para o galego, “se houver um ciclista que consiga ser melhor” dar-lhe-á os parabéns e avaliará em que pontos poderá melhorar “para no ano seguinte conseguir ganhar outra vez”.
Gustavo Veloso sabe que “o desporto não é matemático, nem sempre dois e dois são quatro” e que há “muitos fatores que influenciam a classificação geral”, como furos, quedas ou decisões táticas, por isso só olha para si, nunca para os adversários.
Nesse exercício de autoanálise, o líder da W52-FC Porto-Porto Canal encontrou pequenos pormenores a melhorar para estar (ainda) mais forte na Volta a Portugal, que decorre entre 27 de julho e 07 de agosto.
“Apesar de estar cá há muitos anos, gosto sempre de mudar pequenos detalhes onde penso que posso melhorar para continuar a evoluir e a estar a um bom nível. A base vai ser a mesma, porque quando as coisas saem bem não vale a pena andar a mudar muito, nem andar a inventar. Posso alterar pormenores, retirar alguma corrida [em relação ao calendário de 2015], mas o objetivo é a Volta a Portugal. Desde que iniciei a pré-época que estou com a cabeça na Volta, agora o que quer que faça durante a temporada é sempre com vista a chegar à Volta a 100%”, sublinhou.
A prova que o catapultou para o estrelato no panorama velocipédico nacional é a sua obsessão anual e, por ela, abdica de discutir praticamente todas as outras corridas durante a temporada.
“Não sei se [os adeptos portistas] vão perceber [a opção], mas digo-lhes agora: para chegar ao mês de julho mesmo a ‘tope’ de forma, não posso estar no meu melhor agora. Penso que aquilo que os adeptos querem é que a equipa esteja a bom nível em qualquer corrida”, disse.
Veloso lembra que a equipa tem 12 atletas e que não é ele “a ter de ganhar as corridas todas”, pois “a equipa tem qualidade para que, quase qualquer um, durante a época, com uma boa planificação, possa estar na discussão das provas”.
“O ano passado foi o que fizemos: uns corredores começaram a época mais fortes, outros no meio, outros no final e praticamente durante toda a temporada estivemos a lutar pelas vitórias”, recordou, lembrando também que ganhou o ‘ranking’ nacional em 2015.
É a Volta a Portugal que move o ‘capitão’, como lhe chamam os colegas da W52-FC Porto-Porto Canal, mas para já este recusa pensar no recorde do vizinho galego David Blanco.
“O recorde do Blanco está muito longe. É muito complicado, muito difícil. Ter duas é melhor do que não ter nenhuma, mas foi muito complicado ganhar as que ganhei, para chegar às cinco ainda falta mais de metade. Nunca pensei nessas coisas, nunca fui um atleta que olhasse para muito longe. Nos últimos anos, estou a fazer contratos de um ano, porque não quero estar preso a nada. Quero disfrutar do que faço. A melhor maneira de conseguir resultados é quando gostas do que fazes. Este ano tentarei ganhar a terceira e só depois pensarei na quarta. Antes de pensar na quinta há que ganhar primeiro a terceira e depois a quarta”, concluiu.
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