Joaquim Gomes revelou hoje o desejo de ver um português ganhar a 74.ª Volta a Portugal em bicicleta, um feito que asseguraria um futuro mais tranquilo para as equipas lusas.

«Não é só uma questão de eu gostar...», começou por responder à Lusa o diretor da maior prova velocipédica portuguesa, quando questionado sobre se a sua preferência quanto ao vencedor da Volta recairia num português, explicando que o contexto económico assim o exige.

Para Joaquim Gomes, a manutenção das formações portuguesas necessita «obrigatoriamente» de um bom desempenho nos 1.605 quilómetros que ligam Castelo Branco a Lisboa, entre quarta-feira e 26 de agosto.

«O fenómeno velocipédico no seu todo, apesar de ter fortes alicerces na Volta a Portugal, não deixa de depender da necessária presença de equipas portuguesas. Acredito que esta edição possa fornecer ferramentas para que haja condições para que [as quatro formações] no próximo ano possam continuar na estrada», acrescentou.

Duplo vencedor da prova rainha do ciclismo português, Gomes antevê vários motivos de interesse nesta edição, nomeadamente a tentativa do espanhol David Blanco (Efapel-Glassdrive) de chegar ao recorde de cinco vitórias.

«Falando muito objetivamente é um dos pontos de atenção desta Volta a Portugal, mas felizmente temos outros. O próprio David Blanco não revelou um nível de forma nestes últimos meses que permita acender, com uma chama muito intensa, a possibilidade de superar o recorde que é dele e do consagrado Marco Chagas», apontou.

Além do assalto à quinta Volta do galego, o diretor da prova indicou o regresso de Nuno Ribeiro (Efapel-Glassdrive), depois de dois anos de suspensão, e a presença de Ricardo Mestre, campeão em título como motivos para seguir os 11 dias de competição.

«A panóplia de surpresas, em termos de grandes praticantes, que a Volta a Portugal vai oferecer ao longo dos próximos dias irá contribuir decisivamente para que no dia 26 de agosto, em Lisboa, possamos encerrar com muito sucesso mais uma edição da Volta», disse.

Com as expectativas para este ano a serem as mesmas dos anos anteriores, com a diferença apenas de se assinalarem 85 anos desde a criação da competição, Joaquim Gomes assumiu que quer transmitir às gerações futuras o legado da Volta, mantendo intactas «todas as premissas» que fazem da prova «um dos eventos mais populares do desporto nacional».

A 74.ª Volta a Portugal começa a rolar esta quarta-feira, mas no horizonte do diretor da corrida já está a próxima edição. E as perspetivas não podiam ser melhores.

«No contexto dos municípios, gozamos algum conforto porque os contratos com câmaras são transversais ao mandato autárquico que conclui em 2013. Com as marcas temos também algum conforto, já que o contrato com o principal patrocinador é também plurianual e ultrapassa 2013», concluiu.