O "clã" Roche não tinha qualquer triunfo na Volta a Espanha em bicicleta, mas Nicolas suprimiu hoje essa falta, ao vencer a segunda etapa da 68.ª edição, no Monte de Groba, onde o italiano Vicenzo Nibali assumiu a liderança.
O irlandês da Saxo-Tinkoff, filho de Stephen Roche, que em 1987 ganhou Tour, Giro e campeonato do Mundo, foi o mais forte na ascensão desde monte galego, ponto final inédito de uma tirada de 177,7 quilómetros iniciada em Pontevedra, cortando a meta em 4:37.09 horas, dois segundos à frente do espanhol Dani Moreno (Katusha) e seis antes do italiano Domenico Pozzovivo (Ag2r).
«Disse de manhã que estava motivado e que a subida final era à minha medida. Na subida, o meu colega Rafal Majka disse-me: 'vamos'. E decidi tentar. O nosso líder, Roman Kreuziger, ficou atrás, mas tinha liberdade para me movimentar. Falei muito com ele no hotel e durante a corrida», contou o irlandês.
O trio da frente, juntamente com o checo Leopold Konig (NetApp), escapou ao controlo dos favoritos para disputar entre si a vitória. Um pouco mais atrás, os espanhóis Alejandro Valverde (Movistar) e Joaquim Rodriguez (Katusha) a 12 segundos, enquanto Vicenzo Nibali (Astana), a 14 segundos, apossou-se da camisola vermelha e destituiu o esloveno Janez Brajkovic, seu companheiro de equipa, que se "perdeu" nas rampas do Monte da Groba, aparentemente com uma avaria.
«Estou contente por voltar a vestir a camisola vermelha depois de ganhar a Vuelta em 2010. Agora, vamos ver se podemos defendê-la, mas sobretudo espero vesti-la no fim da corrida, em Madrid», afirmou o "Tubarão de Messina", que não contava envergar a "roja" tão cedo.
O final explosivo era mais propício às características de Valverde ou "Purito" Rodriguez, mas Nibali comprovou a boa forma que o próprio tem publicitado e lidera com oito segundos de vantagem sobre Roche e 10 sobre o espanhol Haimar Zubeldia (RadioShack). Valverde e "Purito" recuperaram dois segundos, mas estão a 27 e 56 segundos do italiano, reflexo do resultado do contrarrelógio por equipas da primeira etapa, ganho pela Astana.
Para Valverde, «no final, ficou um certo sabor amargo por não ter podido disputar a etapa», apesar do grande trabalho da equipa. «Tenho apenas uma preocupação relativa pelo facto de Nibali ter a liderança tão cedo. Esta Vuelta é muito longa e pode-se ganhar ou perder tempo todos os dias», acrescentou o murciano.
Esta subida nas imediações de Baiona, com 11 quilómetros e uma pendente média de 5,6%, não devia causar grandes aflições entre os candidatos à vitória, mas o primeiro dos 11 finais em alto da Vuelta eliminou já dois dos principais homens do pelotão, o espanhol Samuel Sanchez (Euskaltel) e o colombiano Sergio Henao (Sky), que perderam 2.41 minutos, não aguentando o ritmo imposto da Movistar.
Até à subida final, os protagonistas da etapa foram outros. Henderson (Lotto-Belisol), Aramendia (Caja RuralA) e Rasmussen (Garmin-Sharp) meteram-se em fuga bastante cedo, e com o consentimento do pelotão chegaram a ter 13 minutos de vantagem, mas a aventura terminou a nove quilómetros da meta, já nas primeiras rampas do Monte da Groba, depois de Astana, Lampre, Vacansoleil e Movistar terem acelerado o ritmo do pelotão.
A "telefónica" impôs o andamento na subida, mas no final, Roche, respondendo a um ataque de Pozzovivo, avançou para um triunfo de "sonho" numa etapa em que José Mendes (NetApp) foi o melhor português, terminando em 44.ª, a 1.05 minutos do vencedor, enquanto André Cardoso (Caja Rural) foi 48.º, a 1.49. Na geral, Mendes segue em 36.º, a 1.46 de Nibali, e Cardoso é o 52.º, a 3.13.
No domingo, não haverá descanso para o pelotão, que na segunda etapa enfrenta uma nova chegada em alto, no Mirador de Lobeira (Vilagarcía de Arousa), onde termina o percurso de 184,8 quilómetros que arranca em Vigo.
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