
"Temos de acreditar que é [possível], porque a população está contra e se une para travar estas explorações. A população deste concelho, como de muitos [outros], tem dado lições de resistência ao país, tem protegido este território como o Governo não foi capaz de fazer, como o Estado devia ter protegido e não protegeu, como os maiores partidos deviam ter protegido e não protegeram", reiterou Mariana Mortágua no final de um encontro com a associação de defesa ambiental Montalegre Com Vida, a propósito da exploração de lítio neste concelho do distrito de Vila Real.
A líder bloquista afirmou ser "importante relembrar em todas as eleições" que uma região não pode ser "esburacada" contra a vontade das suas gentes, alertando para a urgência de "proteger" os recursos do interior.
"Portugal tem de compreender que se quer proteger o interior, tem mesmo de proteger os seus recursos naturais. Daqui nasce a água que muita gente bebe, daqui vem a agricultura, a carne, produtos que valorizam o território e valorizam Portugal. Querer destruir isto tudo em nome de minas de lítio que não sabemos, sequer, se têm lítio, que não deixam ficar nenhuma riqueza neste território, é um desrespeito profundo para com o país e nós temos este compromisso de travar as minas de lítio", reforçou.
Questionada sobre as contrapartidas ou 'royalties' para as populações, Mariana Mortágua apenas identificou "a propaganda" como "argumento económico", afirmando que o país "só tem a perder" com as minas de lítio.
"Não há argumentos económicos, postos de trabalho não há, a não ser a propaganda. [...] Quem vive aqui só tem a perder, o país só tem a perder, haverá um ou dois que vão ganhar, certamente, que é por isso que [aqui estão], mas isso não quer dizer que o país tenha alguma coisa a ganhar com esta destruição em Trás-os-Montes e noutras zonas", defendeu.
Na aldeia de Morgade, a coordenadora do BE afirmou ainda que os recursos endógenos e a riqueza natural destes concelhos classificados como Património Agrícola Mundial têm mais valor que qualquer exploração mineira.
"É preciso dizer a estas pessoas que vamos conseguir salvar a sua terra, os recursos naturais, a biodiversidade, salvar a água, salvar o que resta deste país e dos seus recursos que valem tanto economicamente. Tem mais valor económico o que aqui se produz, a paisagem que aqui temos, a água que aqui é gerada do que possíveis minas. Portanto, sim, é possível travar estes processos", concluiu.
A mina do Romano, em Montalegre, obteve em setembro de 2023 uma DIA favorável condicionada por parte da APA, que impôs a alocação de 'royalties', medidas compensatórias para as populações locais e de minimização para o lobo-ibérico.
A Lusorecursos já disse que tenciona iniciar a exploração mineira em 2027 e que a refinaria deverá entrar em laboração no ano a seguir. A mina é contestada por populares, Câmara de Montalegre e associações ambientalistas.
No final de março, a Comissão Europeia incluiu os projetos de exploração de lítio em Boticas e Montalegre, ambos no distrito de Vila Real, no primeiro lote de projetos designados como estratégicos ao abrigo do Regulamento Europeu das Matérias-Primas Críticas.
MYMR (PLI) // RBF
Lusa/Fim
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