Conheci o Baba quando vim treinar para Marrocos a primeira vez. Ele era um dos mais eficientes empregados de um dos poucos hotéis situados à beira das dunas do Erg Chebbi. Um edifício com mesas e bancos, alguns construídos em cimento agarrados às paredes onde se serviam as refeições, e um outro, bem mais pequeno, construído um pouco afastado, com sanitários e espaços para duche. Era nesse edifício grande que dormiam, vestidos sobre os bancos, os empregados do hotel com a cabeça tapada com um pano para impedir que as moscas os incomodassem. Nós montávamos a nossa tenda no exterior. Com o tempo o hotel foi crescendo, construíram-se edifícios para quartos e até hoje não parou. Surgiram muitos outros hotéis à beira das dunas e as duas novas estradas de alcatrão permitem às centenas de turistas chegar até ao deserto sem dificuldade.

Entretanto, a mãe do Baba arranjou-lhe uma esposa, os filhos começaram a nascer e ele, vivendo no hotel, estava longe da família. O ordenado era pequeno e decidiu vir para a cidade. Hoje tem o seu próprio café e a nossa amizade foi sobrevivendo ao passar do tempo. Sempre que estamos por cá ele está connosco e ajuda-nos a resolver os pequenos berbicachos do confronto com uma cultura.

Enquanto o hotel à beira das dunas foi crescendo, em Marrocos foram-se construído pontes, estradas e auto-estradas. Nas cidades, em todos os cruzamentos surgiram rotundas, qual delas a mais imponente. Marrocos não pára de crescer e de se desenvolver. Criaram-se leis protectoras do ambiente e, tal como em Portugal, os sacos para as compras têm de ser comprados mas os de plástico foram proibidos. Em Portugal pagamos os sacos mas são quase sempre de plástico ou seja, pagamos uma taxa para continuar a produzir lixo plástico. Aqui os sacos são de um composto reciclado, uma fibra vegetal... parece tecido e são resistentes. Dá que pensar!