Dissecar o jogo entre o F. C. Porto - Gil Vicente, suscita várias abordagens: a mudança de treinador no campeão, a arbitragem, e o excelente comportamento, autêntico - Auto da Alma do Gil Vicente -, perante os mais fortes candidatos ao título, e como jogou o F. C. Porto.

Os Dragões mudaram a liderança de treinador ao promoverem o adjunto a principal. Especula-se que Victor Pereira não tem o discurso de Vilas Boas, que a estrutura apoiada pelo sagaz presidente Pinto da Costa é o garante dos êxitos dos treinadores, que Vítor Pereira era o mentor táctico do actual treinador do Chelsea, e por isso vai brilhar. A realidade diz-nos que os técnicos têm sucesso no Porto, mas quando saem, perdem a aura vencedora. Excepto o fenómeno Mourinho!

A arbitragem é um tema que desperta, alimenta a eterna e doentia discussão entre as facções clubistas. Não costumo falar deste tema, considero que ser árbitro é uma missão difícil, delicada, especulativa, controversa. Mas uma coisa é quando há dúvida, e esta só é esclarecida na TV, depois de várias vezes observada, outra coisa é o que toda a gente vê.

Infelizmente o que se tem observado neste inicio de campeonato não abona a arbitragem. Pelo contrário, aumenta a suspeição e a desconfiança de que há clubes favorecidos, espoliados e perseguidos. Em Barcelos validou-se um golo em que o marcador estava fora de jogo. Em Alvalade foi anulado um golo legal, e ficou um penalty por marcar.

Ontem no Dragão, não falo do penalty que o Porto marcou, nem dos que ficaram por marcar. Nestes dou o benefício da dúvida ao árbitro. Imperdoável é que no lance do penalty contra o Porto, o árbitro não saber? O artigo 12 das leis de jogo, o qual diz: “o jogador que destruir uma clara oportunidade de golo dum adversário que se dirija em direcção à sua baliza, cometendo uma falta passível de um pontapé – livre ou de um pontapé de grande penalidade, deve ser expulso”. Porque é que não foi?

Parabéns ao Paulo Alves pelo excelente trabalho que está a realizar, a sua equipa assimilou o plano de jogo, tem uma identidade esclarecida, baseada num flexível 4x3x3, pressiona em todo o campo, a evolução atacante é envolvente, bem elaborada, coloca 4 a 5 jogadores próximo da baliza adversária, é dinâmica, só a pressa e a execução dos seus jogadores não proporcionam, mais jogadas de êxito. Colectivamente com o Benfica, na 1ª parte foi superior e no Dragão bateu o pé ao campeão.

O Porto manteve os jogadores campeões, excepto Ruben Micael pouco utilizado, e Falcão, contratou – Kleber e Djalma para o substituir. A máquina do ano passado ainda não está afinada, dada a ausência de três peças fundamentais do xadrez azul e branco, Fernando - o “cavalo”, Álvaro Pereira - a torre do corredor esquerdo e Falcão - o goleador xeque-mate.

Observa-se que Varela sem o seu sócio Álvaro (na firma) Pereira, nem parece o mesmo, Sousa não tem o sentido de jogo no círculo central que tem Fernando e Kleber que esteve em campo nestes dois jogos, mas ninguém o “viu”. O instinto goleador de Falcão é similar à ave predadora, escolhe sorrateiramente o local para captar a presa, voando na grande área, rompendo as nuvens defensivas. Talvez seja esta a razão de o campeão só ter marcado de bola parada. Mas diz-se que no Porto só mudam os jogadores, porque produtividade é sempre a mesma.