Ao analisar-se o futebol do Sporting, encontram-se várias contradições. No jogo de ontem, faziam parte do onze inicial nove jogadores que vinham da época passada, e só dois, dos contratados recentemente.

Não se compreende, porque os leões apostaram forte na construção de uma equipa vencedora, diferente dos anos anteriores. Idealizaram formar uma equipa mais forte, mais ambiciosa, mais organizada, mais competitiva, mais dominante. Um conjunto com jogadores de qualidade, com classe, para apresentassem bons espectáculos, plenos de futebol vistoso, agradável, sustentável e eficaz.

Esta época realizou-se uma reforma na estrutura, integraram-se especialistas em aquisições, contratou-se o treinador revelação. Ao concluir-se que a produção das equipas no passado recente, foi nula, fastidiosa, deprimente, irritante que deixou os adeptos à beira de um ataque de nervos.

Pergunta-se porque é que jogam tantos jogadores anteriores em detrimento dos contratados? Das duas uma, ou Domingos acredita de tal modo na sua capacidade, e pensa que consegue retirar qualidade onde ela não existe, ou não teve interferência nas aquisições. Ou as contratações não foram ponderadas quanto à escolha de jogadores com valor para colmatar posições fragilizadas.

A realidade momentânea é desanimadora. A equipa funciona aos soluços, está engasgada, não acelera, perde pontos, atrasa-se na classificação. Ontem foi inferior ao Marítimo. Os insulares remataram mais, forjaram mais cantos, fizeram menos faltas, foram mais rápidos, mais dinâmicos, mais acutilantes, mais esclarecidos.

Os sócios do Sporting desejam, estão ansiosos de assistir a espectáculos diferentes, estão cansados de ver sempre o mesmo filme. O realizador tem muito trabalho, a fazer, a começar por afastar as pseudo vedetas.

Deve urgentemente escrever um guião inteligente, inovador e perceptível, para que os intérpretes o compreendam. Um sumário com uma panóplia de estratégias e sistemas dinâmicos onde a táctica ofensiva esteja alicerçada numa rede de vasos comunicantes, cuja envolvência dos jogadores com e sem bola, perturbem, fragilizem, e surpreendam os adversários com golos.

Está na altura de reunir todo o elenco, para explicar, esclarecer os porquês deste insucesso inicial. Persuadir os artistas, elucidá-los que são parte integrante, responsáveis, intérpretes, executantes e concretizadores. É preciso definir o papel que cada um deve realizar, de forma inovadora, explicita, detalhada e compreensível.

Métodos e planos inéditos são um desafio aliciante para os jogadores, os quais se interessam, interiorizam, preocupam-se em entender as novas missões, discernem, assimilam, tomam decisões conscientes e acertadas acerca do seu envolvimento como elemento preponderante no argumento apresentado.