Paulo Bento declarou após a vitória sobre o Chipre, «que a selecção jogou bem na primeira parte essencialmente, até à marcação do golo inicial. Na segunda metade não fomos tão fortes e corremos riscos desnecessários».
Na minha opinião acho que a equipa não realizou uma boa, mas sim uma razoável exibição nos 45 minutos iniciais. É verdade que Portugal dominou a fraquíssima equipa do Chipre, a qual se limitou a defender, em todo o primeiro período só rematou uma vez e de livre, enquanto a nossa selecção rematou 12, numa delas marcou, mas oportunidades flagrantes, só a de João Pereira.
Ganhámos com quatro golos de vantagem, é bom, favorece a diferença de golos marcados e sofridos em confronto com os adversários. Lideramos o grupo.
Porém esta goleada deve-se mais à fraqueza dos cipriotas, inoperantes no ataque, com dez a oposição foi nula, (excepção à jogada do fora de jogo mal assinalado), rebentaram fisicamente, após o segundo golo a defesa tornou-se num passador. Se o jogo durasse mais dez minutos, o resultado final seria o dobro dos golos?
A nossa exibição foi muito fraquinha, neste jogo a selecção parecia um grupo de jogadores que jogaram juntos pela primeira vez. Foi evidente que só as exibições individuais disfarçaram, a falta de ligação entre os sectores, a ausência de conjunto, a inexistência de uma verdadeira equipa.
Cristiano Ronaldo, João Moutinho e João Pereira, estiveram em foco. Os restantes apareceram a espaços. Fica na retina os poucos dribles de Nani. Fábio Coentrão teve problemas no início, e talvez por isso não avançou pelo seu corredor como é habitual, à excepção da excelente jogada que terminou no poste.
Rui Patrício muito atento aos poucos lances em profundidade dos ilhéus. Pepe e Bruno Alves tiveram uma noite tranquila a defender, mas não foram os eficientes do costume nos lances no seguimento dos cantos a nosso favor. A defesa não teve problemas.
No trio do meio campo só apareceu João Moutinho, o qual impôs dinâmica, defendeu, organizou, (enorme no passe que isolou João Pereira), construiu e rematou. Em termos positivos a zona intermédia fica por aqui. Rúben Micael apático, sem ritmo, não procurou a bola, não defendeu nem atacou. Raul Meireles a trinco? Este jogador com o pontapé que tem, precisa de liberdade para fazer o binómio defesa - ataque.
O ataque viveu das iniciativas do capitão, marcou dois golos e ofereceu o terceiro. Das iniciativas de Nani que ontem foram escassas. Helder Postiga é vítima do sistema 4x3x3, antes no Sporting, e ontem na selecção, joga desapoiado, é um jogador de toque, de tabelas, rende mais com outro ponta de lança ao lado ou quando os médios o apoiam.
Dani e Hugo Almeida entraram numa fase em que os cipriotas apelavam por oxigénio. Mas em qualquer momento aquela execução perfeita de Dani é de elogiar. O golo de Hugo Almeida foi fácil, só empurrar.
Como é possível, Veloso entrar para trinco se o Chipre só tinha dez jogadores. Foi para não correr riscos? Os cipriotas com onze eram maus, com dez ficaram paupérrimos. Portugal jogou quase uma hora contra dez adversários.
Mas nada se modificou, as coisas continuaram como se nada se tivesse passado, como se jogassem onze versus onze. Paradoxalmente Portugal não aproveitou, não escolheu o adequado compêndio de jogo, assim não usufruiu da vantagem de ter mais um jogador. O Chipre também não alterou nada, ficou tudo igual.
Comentários