Na seleção portuguesa de futebol não há «meninos de coro» nem, por parte do selecionador ou treinadores, «comportamentos permissivos» em relação aos jogadores mais mediáticos, afirmou hoje Leonel Pontes, treinador-adjunto dos "AA" lusos.

«Na seleção não temos comportamentos permissivos com os atletas, nem com os mais mediáticos nem com os menos», afirmou Leonel Pontes, treinador adjunto da seleção nacional A, durante um seminário sobre "Psicologia do Desporto - Liderança nas Seleções Nacionais de Futebol".

Na equipa em que, segundo o treinador, «não há meninos de coro», mas sim jogadores «bem e mal comportados» cabe ao treinador «conhecer as caraterísticas de cada um» e intervir de acordo com as distintas personalidades».

Ao líder cabem, segundo os participantes no seminário realizado na escola Superior de Desporto, em Rio Maior, as mais diversas tarefas desde a adaptação ao grupo, a análise e resolução de conflitos, a organização da equipa, a valorização do trabalho do atleta ou, até mesmo, a avaliação constante da sua liderança.

Avaliar e partilhar experiências sobre a liderança foi o que fizeram hoje, não apenas Leonel Pontes, mas também os restantes oradores, nomeadamente Mónica Jorge, diretora do futebol feminino da Federação Portuguesa de Futebol, Ricardo Peres, treinador de guarda-redes da seleção nacional A, e Rui Jorge, selecionador nacional sub-21.

Mónica Jorge deixou claro que «treinar uma seleção de `meninas' não é igual a treinar uma seleção masculina», e apontou a gestão de conflitos como um dos fatores mais determinantes.

Mas as intervenções demonstraram que, no que toca a liderança, são muitos os pontos de convergência e discordância entre os participantes no debate.

Se a escolha do capitão de equipa deve ser dos jogadores ou dos treinadores foi um dos temas que dividiu os oradores, com Mónica Jorge e Leonel Pontes a defenderem que a escolha cabe ao líder e, por outro lado, Rui Jorge e Ricardo Peres a considerarem que o capitão «deve ser reconhecido por todos» e partilhar a responsabilidade com toda a equipa.

No debate onde foi unânime o entendimento de que o capitão deve «ser ouvido pelos outros jogadores», participaram igualmente, do lado do público, ex-jogadores que ostentaram a braçadeira de capitão, como Pedro Barbosa e Jorge Cadete.

Futre, que abandonou uma competição europeia «por não lhe darem a camisola com o número que ele queria» e o mais recente caso de Ricardo Carvalho, que abandonou o estágio da seleção portuguesa, foram dois dos exemplos de «momentos de liderança difíceis» nos quais os treinadores tiveram que intervir na resolução de conflitos.

Independentemente da forma como são geridos os comportamentos menos abonatórios dos jogadores, os oradores deixaram claro que no futebol, como em tudo, há que haver regras e que as mesmas são para cumprir.