A Federação de Futebol do Irão (FFIRI) advertiu hoje os futebolistas do seu país de que serão castigados se fizerem gestos de caráter político, um dia depois de um jogador festejar um golo a apoiar os protestos.

“Os profissionais que não cumpram as regras da República Islâmica, o Código de Ética do Comité Olímpico Internacional e da FIFA, sobre comportamento político no recinto de jogo, serão tratados de acordo com os regulamentos”, assinala a FFIRI em comunicado.

No domingo, Saeed Piramun festejou um golo num torneio internacional de futebol de praia, nos Emirados Árabes Unidos, ao imitar um corte de cabelo, um gesto de apoio aos protestos em solo iraniano desde setembro.

Esse corte de cabelo, tido como um gesto de protesto e solidariedade para com as mulheres iranianas, desviou a atenção da vitória do Irão no torneio, sobre o Brasil (2-1), o que também foi criticado pela federação, no comunicado.

Desde setembro que vários futebolistas, entre eles o avançado do FC Porto Mehdi Taremi, se têm mostrado solidários com os protestos e as vítimas, e a escaladora Elnaz Rekabi tornou-se uma figura mundial ao competir em Seul, Coreia do Sul, sem o véu, causando grande polémica e sendo recebida no aeroporto de Terrão com cânticos que a apelidavam de “uma campeã”.

No Mundial2022 de futebol, no Qatar, os iranianos serão liderados pelo português Carlos Queiroz, de volta para nova passagem como selecionador, e estão integrados no Grupo B, com Inglaterra, País de Gales e Estados Unidos.

O Irão tem sido palco de protestos desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que morreu três dias após a sua detenção em Teerão pela polícia de moralidade, que a acusou de violar o rígido código de vestuário da República Islâmica, que inclui o uso do véu para as mulheres.

Organizações não governamentais indicaram que entre 277 e 341 pessoas morreram desde o início dos protestos, há quase dois meses, no Irão, após a morte de Mahsa Amini.

A estas mortes juntam-se cerca de 14.000 detidos em mais de 130 localidades do país, durante os protestos que atingiram uma escala sem precedentes no Irão desde a revolução islâmica de 1979.